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Seja bem-vindo, meu filho!… (XXXI)
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“(…) Quem seria aquele ser? De onde vinha? O que pretenderia da vida? Como seria (…)? Que papel me caberia(…) na vida que apenas começava? Ou será que não estava começando e sim continuando?

Eu não sabia.
Mas queria muito saber, ter respostas para essas indagações e muitas outras, de que nem me lembro ou sequer tenham sido formuladas, mesmo porque, como disse, eu mergulhara em um turbilhão de inesperadas e insuspeitadas emoções.

Estas, contudo, não me suscitavam temores ou inquietações e sim uma estranha alegria, ao perceber que também eu tinha condições de participar, com minha modesta contribuição, daquele deslumbrante espetáculo de renovação da vida.

As dúvidas ficavam para mais tarde. Um dia eu saberia, devo ter pensado.
Por enquanto, havia providências a tomar, neste lado de cá da vida, onde os seres chegaram há mais tempo e andam, falam, riem e choram.

Mas bem que eu gostaria de ter alguém ali que me dissesse alguma coisa sobre o que estava acontecendo diante de mim.(…) (Hermínio Corrêa de Miranda)

Conversando com Antonio…

“Oi Filho, vou te contar como te prometi desde o início…

Seu pai ficou muito nervoso para nos acompanhar e assistir o seu nascimento.
Então sugeri à Dra. Marina para que minha mãe fosse comigo…Mas ela não foi autorizada.
Assim, fomos apenas nós dois.

A equipe médica foi dez!
Se é que eu posso dar uma nota, a nota é esta.

Quando cheguei ao centro cirúrgico fui atendida e preparada para os procedimentos cirúrgicos pelo Dr. Fábio – anestesista – e a enfermeira Isabel.

Junto com eles estava o Dr. Francisco que me deu uma agulhadinha no braço para receber um sorinho, antes da anestesia.
Neste momento, fiquei nervosa e comecei a chorar.

A enfermeira perguntou-me se estava tudo bem, se eu estava sentindo alguma coisa.
Pediu-me para que eu me sentasse…
E chorando eu respondi que estava com medo.

Ela então segurou minhas mãos e me deu um abraço.
Disse-me para ter calma, que tudo iria sair bem e que todos estavam ali para cuidar de mim.
Respirei fundo e fui me acalmando.

Logo em seguida chegou a Noelise e um outro obstetra, que não me lembro o nome, mas ele ajudaria a Dra. Marina a fazer a cesariana.

Passado alguns minutos, eis que entra a Dra. Marina!

Filho, você não vai acreditar.
Foi muito engraçado e divertido vê-la chegar, toda alegre, vestida de azul dos pés à cabeça, segurando em uma das mãos um enorme rádio e na outra alguns CDs.

Olhei aquilo sem entender muito bem o porquê,no entando foi uma novidade para mim e proporcionou-me um momento de descontração e alegria em meio ao meu nervosismo.

Ela me cumprimentou, perguntou-me se eu gostava de música, se tinha alguma preferência.
Mas naquele instante, nem parei para pensar na resposta, só olhei para ela e ri.

Então ela foi lá num cantinho e de repente enche o centro cirúrgico com uma música cantada pelo Paul Mac Cartney e Steve Wonder, ouço nada mais nada menos que “Ebony and Ivory”.

Ela sorri novamente para mim e carinhosamente diz:
“ – Vamos conhecer o Antonio?”
E a partir daí deu início à cesariana.

Só a Dra. Marina para fazer isto! Ela é muito especial, eu não te falei?

Filho, se tocou outra música eu juro que não me lembro porque para mim aquela foi a única música que ouvi para você nascer.

E aí foi sua vez de aparecer!
A Dra. Disse que era um meninão, lindo e gorducho.

Toda a equipe vibrou com o seu nascimento e nos deram parabéns.
A Dra. Marina e a Noelise encheram-me de beijinhos e tivemos a atenção de todos ali!
Senti-me amparada, confortada e rodeada de carinho.

Do meu lado apareceu o Dr. Olívio – o pediatra – que fez as honras de nos apresentar.
Achei graça pois de tão roxinho que estava exclamei que havia nascido azul!

O Dr. Olívio aproximou você de mim, deixou-me vê-lo e beijá-lo
E assim o fiz, dei um beijinho nas suas bochechas macias e te disse:
“ – Seja bem-vindo, meu filho.”

Mas rapidamente ele se foi com você para ser limpo, pesado e medido.

Nossa, Filho, é muito emocionante passar por tudo isto!
Não tenho palavras para descrever o que senti.

Ainda no centro cirúrgico, logo depois que te levaram, comecei a vomitar mais do que o normal.
Deram-me uma medicação e não cortou o mal estar, deram-me outra até que as ânsias e o vômito passaram…

Esta foi a parte ruim…Eu sabia que alguma coisa não estava bem, senti a preocupação dos médicos quando a medicação não surtia o efeito que desejavam.

Enquanto tudo acontecia, o anestesista, Dr. Fábio, teve a paciência de um anjo para tentar me acalmar.
O tempo todo dizia que ficaria tudo bem e não saiu de perto de mim um só momento até que a medicação fizesse efeito.

Por fim, passou e fui colocada na maca para voltar ao quarto.
No caminho, a Geane, uma outra enfermeira mostrou-me ao seu pai para dizer que a cirurgia havia terminado e que eu já-já estaria no quarto para encontrá-lo e em seguida descansar.

Ao final estávamos bem, muito bem, Graças a Deus.

Agora vou descansar e sei que daqui a pouco poderei finalmente segurá-lo em meus braços e te dizer pessoalmente como é grande o meu amor por você.”

Licões que aprendi…

Filho amado, dez anos já se passaram e eu ainda emociono-me ao ler e reler todas estas páginas que escrevi e de quantas emoções elas me trazem.

Amadureci ao seu lado e aprendo com você todos os dias.

Lembro-me que ao ficar sozinha no quarto fiz minhas reflexões a respeito de tudo o que havia acontecido até ali e sentia-me uma mãe abençoada cercada de anjos por todos os lados.

Não fosse o meu incômodo logo após o parto, diria que tudo foi perfeito.

Sensibilizei-me com a atenção e os cuidados do Dr. Fábio enquanto meu mal estar persistia no centro cirúrgico e com certeza não esquecerei o que fez por mim.

Lembrei da alegria da Dra. Marina quando chegou para realizar a cesariana e do quanto achei inusitada a sua atitude em nos trazer música para você nascer.

Lembrei do carinho da Isabel, dando-me apoio, confortando-me e pedindo-me para confiar na equipe que ali estava porque tudo sairia bem.

Lembrei do carinho recebido pela Dra. Marina e a Noelise logo após o seu nascimento.

Não tenho palavras para agradecer a todos, hoje e sempre.

De tudo o que passei, só tenho a pedir que Deus, na sua infinita bondade, os abençoe.

Faria tudo de novo por mim, por você e pela família que amorosamente formamos.

Seja bem-vindo, meu filho, por hoje, por tudo, para sempre. Te amo muito.
Daqui a pouco você estará em meus braços…

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A proposta do DIÁRIO DE ANTONIO é a de um livro virtual.
Você poderá ler os assuntos alternadamente ou acompanhar desde o início capítulo por capítulo.

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DIÁRIO DE ANTONIO – ÍNDICE 

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sal de açúcar

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