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Quem nunca pensou: “Essa pessoa aí certamente tem autismo?” Bom… Garanto que muita gente nunca pensou isso! Afinal, grande parte da população infelizmente ainda não tem ideia do que é autismo. Mas, se você é pai ou mãe de uma criança autista e começa a pesquisar sobre o tema, passa a ter suas veladas desconfianças de que essa ou aquela pessoa está no espectro (diagnosticado ou não).

Às vezes, uma pessoa passa a vida inteira sem ser diagnosticada, o que pode acontecer principalmente nos casos mais leves. Veja bem, não estou dizendo que “autismo leve” é imperceptível, pois autismo leve nem sempre é tão leve assim! A questão é que o espectro autista é muito grande e vai daqueles casos de sintomáticas bem leves aos de sintomáticas extremamente severas. O nível de afetação é variado, tornando o diagnóstico difícil em certos casos. Também, aplicação de terapêuticas adequadas pode modificar muito a sintomática, tornando o quadro perceptivo apenas aos olhos mais técnicos ou atentos.

Decidi hoje fazer uma postagem bem leve, no espírito de férias e verão. Até porque, com os filhos tendo a rotina alterada pela ausência de ida ao colégio e com algumas terapias de férias (o que naturalmente pode causar grande desorganização em crianças autistas), precisamos de momentos de leveza, não? Assim, vou brincar de neurologista e analisar com você alguns personagens ou personalidades famosas que acredito que tenham autismo.

O primeiro passo em nossa brincadeira é fixarmos os pontos para a pessoa ser considerada enquadrada no espectro autista, quais sejam os três primeiros critérios apresentados pelo DSM-V. São tais critérios:

1.. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais, manifestadas de todas as maneiras seguintes:

a.. Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social;

b.. Falta de reciprocidade social;

c.. Incapacidade de desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento.

2.. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo:

a. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns;

b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento;

c. Interesses restritos, fixos e intensos.

3.. Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.

 

Dito isso vamos aos personagens que selecionei:

Sheldon Cooper, personagem da mais que famosa série de TV americana “The Big  Bang

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Theory”: Ao contrário de que muitos espectadores de The Bing Bang Theory pensam, eu não acho que Sheldon Cooper tenha autismo. Bazinga! Mentira! Para mim é bastante óbvio que ele é autista.

Sheldon demonstra clara dificuldade em se relacionar. Sua incapacidade de manter um relacionamento compatível com a sua idade é evidente. As regras de convívio social não são intuitivas para Sheldon, sendo que são aprendidas e reproduzidas por ele, de certa forma até com literalidade excessiva, donde vem grande parte da comicidade da série.

Seus padrões repetitivos de comportamento também estão evidentes. 3 batidas na porta, o local de sentar é sempre o mesmo, a rotina inalterável. Apesar de entender tudo sobre física quântica com uma estranha facilidade, a personagem que descrevemos tem imensa dificuldade em compreender simples questões sobre a relação humana.

A série em vários momentos deixa claro que Sheldon foi Sheldon desde que se entendeu por Sheldon – os comportamentos descritos estavam presentes desde tenra idade, o que fica claro nas remissões do personagem a sua infância.

A série é ótima e já faturou vários prêmios como o TCA Awards, American Film Institute, Prêmios EWwy, Emmy Awards, Golden Globe Awards, CBS Fan Awards, Satellite Awards, etc. Vale a pena conferir um pouco sobre Sheldon Cooper. Garanto que mesmo que não concorde comigo vai dar boas risadas.

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Newt Scamander, protagonista da franquia “Animais Fantásticos e Onde Habitam” (nova série de filmes do universo Harry Potter, criado J.K. Rowling): Se você não tem nem ideia do que é Harry Potter é porque você possivelmente viveu em uma caverna nos últimos dez anos. Após a famosíssima série de livros sobre o bruxinho mais amado do mundo, esse ano foi lançado o novo filme spin-off do mundo mágico: “Animais Fantásticos e Onde Habitam”.

Sobre o protagonista do filme Newt Scamander, um bruxo que possui uma maleta enfeitiçada onde guarda animais mágicos, tal personagem tem características bastante autísticas: não olha nos olhos, demonstra dificuldade de interação social, parece mais conectado com os animais fantásticos de com os seus pares humanos, é aficionado pelo trato com os animais.

Não há informações suficientes para concluir que o referido personagem possa ser autista, mas sem dúvidas há elementos que geram desconfiança. Será o primeiro bruxo autista?

 

Mary Horowitz (Sandra Bullock), do filme “Maluca Paixão”: No filme “Maluca Paixão”, Sandra Bullock interpreta uma mulher que trabalha fazendo palavras cruzadas. Aficionada por palavras e seus significados, com extrema dificuldade de condutas sociais, Mary se convence que a personagem Steve (interpretado por Bradley Cooper), um cinegrafista da CNN, é o grande amor de sua vida, e passa a persegui-lo ao redor do país.

Assistindo ao filme, muitos pais perceberão que têm quase que uma Mary Horowitz para chamar de sua! Assistindo ao filme, você não conseguirá deixar de dar boas risadas, principalmente quando ela faz o conhecido movimento flap (movimento motor bem comum em pessoas do espectro autista, principalmente quando estão muito felizes/animadas).

 

 

Além desses personagens fictícios que citei, correm teorias que relevantes figuras na história mundial eram autistas, dentre elas: Sir Isaac Newton (mais conhecido por seu trabalho como físico e matemático), Wolfgang Amadeus Mozart (compositor e músico), Charles Darwin (naturalista/cientista) e Michelangelo (pintor/escultor/arquiteto/poeta). De acordo com o psiquiatra irlandês Michael Fitzgerald, o arquiteto espanhol Antoni Gaudí e o artista Andy Warhol também enquadravam-se no espectro autista.

É fato: Quando falamos de autismo, aparecem mil teorias de quem pode ser autista e o porquê. Na verdade, eu não acho relevantes essas reflexões. Mas é divertido, não é? Além disso, colocar que grandes personalidades da história da humanidade eram autistas traz a reflexão de que, por um lado, os sintomas do autismo devem ser tratados, mas que, também, a maneira de pensar como autista pode ser uma bênção, um dom capaz de mudar tudo a sua volta. Mas é sempre bom lembrar que o autista não precisa ser mágico ou gênio para ser incrível. Quem vive com um autista sabe que, apesar das dificuldades, a maneira própria deles verem o mundo é um catalisador do bem para todos que os cercam.

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