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Primeira em Wembley
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Fui ver Coréia do Sul e Gabão. Calma, cometi essa insanidade por se tratar de um jogo marcado para o Estádio de Wembley, templo do futebol onde os ingleses faturaram a Copa do Mundo de 1966. Palco que não viu Pelé e Garrincha jogarem, mas receberia um verdadeiro “clássico” da ruindade.

Mesmo ciente disso, parti empolgado para a minha estreia na praça esportiva ao mesmo tempo tradicional e moderníssima.

Só não contava com a saga para chegar ao campo. Wembley é praticamente fora de Londres. Para quem não é local, como eu, ir até lá é uma viagem rumo ao desconhecido.

Iniciei o trajeto da estação de Holborn – próxima ao hotel onde a equipe da Gazeta do Povo está hospedada – e saltei em King’s Cross St. Pancrass. Algumas voltas em busca da linha adequada mais tarde, posso dizer que reuni elementos de sobra para uma refilmagem de Warriors no subterrâneo londrino.

Pois bastou pegar o metrô para o lado certo para, curiosamente, em 15 minutos aportar em Wembley Park. E ao contrário do que imaginava, o estádio estava a somente uma pernada rápida de distância.


Wembley visto da estação de metrô.

Cumpridos todos os trâmites de segurança, ao alcançar a sala de imprensa notei pela janela a excelente presença de público. De repente, uma forte agitação lá fora. Avistei um dos monitores de televisão instalados no local e percebi a bola mansa, nos pés do goleiro.

Ao sair, rumo à tribuna de imprensa, entendi o motivo da estranha excitação, ainda mais considerando o “nível técnico” (como dizem os comentaristas esportivos) do confronto. Estava rolando a “ola”, grande contribuição do México para o futebol mundial depois dos uniformes psicodélicos do goleiro Jorge Campos.

No carpete mais famoso do mundo, a pelota estava sendo fustigada pelos dois escretes – não há distinção de cor, credo e classe social em se tratando de perebisse. Os lances perigosos eram raros.


O estádio praticamente lotado.

O único destaque era o jaqueta 4 do Gabão e seus dreadlocks. É importante ter um rastaman em um setor estratégico do campo como a meia-cancha. Ele empresta tranquilidade e alto astral ao time. Exatamente o que Enconga proporcionava.

Entre os coreanos, ninguém chamou atenção. Achei todos os jogadores parecidos.

Fim de primeiro tempo. Como era de se esperar, zero para todo lado.

Eis que no intervalo entram em ação os penteadores de gramado. Trajando preto, com um instrumento parecido com um garfo de churrasco nas mãos, eles põem no lugar tudo o que foi descabelado por coreanos e gabaneses.


Os penteadores do gramado.

Infelizmente, para a segunda etapa tudo volta como antes. Um futebol tão feio quanto trocar a princesa Diana pela Camilla Parker. Até que uma bola na trave reviveu a minha esperança de ver um gol em Wembley. Mas era apenas o último suspiro. Fim de papo, 0 a 0.

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