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Estamos chegando ao fim do ano e, com ele, teremos festas, verão, praia, férias coletivas e, é claro, férias escolares. Neste período costumamos estar à beira da estafa mental, loucos para relaxar da correria do dia a dia e das obrigações do trabalho! Comportamento este, que também é seguido por nossas crianças e jovens que, além de estarem no final de seu ano letivo, tem nos adultos o contínuo exemplo a ser seguido. É para este último apontamento que gostaria de tecer algumas reflexões.

Lugar comum entre educadores e psicólogos, é fato que o aprendizado e comportamento humanos (consciente e inconsciente) se dão, muito mais do que pelo conhecimento teórico, pela repetição de atitudes e comportamentos de nossos modelos (pais, mães, professores, heróis, personalidades públicas).

Sendo assim, nesse período de maior convívio familiar, o processo educacional, ao invés de entrar em férias acontece e permanece. O processo educacional é contínuo e ativo, e é nesse período que comportamento e valores serão colocados em prática sem a necessidade e o temor das avaliações. Que a teoria se colocará à prova na vida real e será comparada com a (as) experiência (as).

Podemos ousar dizer que é ali, nas celebrações familiares, viagens e “casas de vó”, nas belas e tropicais praias brasileiras que a educação se concretiza! Faz-se assim premente, que não deixemos que o justo descanso e gozo de momentos de lazer venham acompanhados do “esquecimento” em berço esplêndido de normas de conduta e valores morais!

A mitologia brasileira de que “não existe pecado ao sul do equador”, onde o ócio indígena – originado em nossos vistosos recursos naturais – se une a promiscuidade do colonizador lusitano em um ser idílico da civilização brasileira vicia nossa cultura coletiva em uma brutal e artificial separação entre o trabalho e a folga, a semana e o fim de semana, a obrigação e o lazer, o ano letivo e as férias; enfim, nossos valores morais e nossa conduta ética.

Ao afrouxarmos nossos valores morais, como uma maior promiscuidade sexual, a aceitação do binômio álcool-direção ou a simples negação de hábitos da rotina familiar; estamos passando às nossas crianças a mensagem de que todo comportamento ético é uma obrigação indesejada, existente apenas pelo medo da punição das autoridades (governo, polícia, chefe, diretor, professores) e de que a felicidade se encontra na libertação individual destas amarras, por períodos limitados.

Sendo a felicidade fim último de nossas ações, e entendendo que a maior parte de nosso tempo passamos cumprindo obrigações – 5 dias da semana e 11 meses no ano – estaríamos então fadados a uma existência triste?

Em tempo, o filósofo alemão G.W.Hegel nos ensina que “o homem completo e feliz supera este conflito dialético”. Ele é, em sociedade o mesmo que dentro de casa. Tem em seus valores individuais a conduta ética que pratica em seu dia a dia seja em tempos de responsabilidades, seja em tempos de férias. O avanço educacional que buscamos, antes de passar pela reforma escolar de conteúdos e currículos, deve passar por uma revisão cultural do HOMO BRASILEIRUS que somos e queremos no corpo cívico da nação. Será esta anarquia moral – relativista e individualista – que estamos a praticar no Brasil das minorias o caminho para construção de uma sociedade justa e feliz?

>>Artigo escrito por Alexandre Chueire Lopes, filósofo, coach educacional, colaborador da Teaching Consult e do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.  

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