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Como os professores encaram a criatividade?
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Trabalhar em família pode ser muito divertido e gratificante. Mas quando professores – pai e filhos – viajam por todo o Brasil, contribuindo para o avanço da educação brasileira, é ainda melhor. A família Romanelli, formada por Egídio (pai), Guilherme e Berenice (filhos) leva em suas palestras um misto entre as artes, música, neurociência e educação. Os três já marcaram presença em vários eventos da área, inclusive na EDUCAR (a maior feira de Educação da América Latina). Nessa semana (2 a 4 de agosto), o trio está em Maceió, com a palestra A Escola Criativa: um diálogo entre as neurociências, artes visuais e música. Para aqueles que ainda não tiveram o privilégio de presenciar essa sintonia, o bate-papo a seguir pode ser uma ótima oportunidade para conhecer a história e a ligação da família com a Educação.

Em suas palestras, a Neurociência é relacionada com a Música e as Artes Visuais. Qual a contribuição dessa união para aulas mais criativas?
É necessário ressaltar que a arte não é o único caminho para o desenvolvimento da criatividade. Mas há, de fato, uma relação íntima, pois o artista se defronta constantemente com desafios estéticos que dependem da criatividade para serem vencidos. A arte está diretamente vinculada à criação de possibilidades e à liberdade. Mesmo em momentos em que as pessoas estão submetidas a alguma pressão ou opressão, surge como possibilidade de transformação, de crítica, de reconstrução. Mas quais os paralelos possíveis entre esta resistência e o ensino? Onde está a nossa dose de questionamento enquanto profissionais da educação? Como os atuais incômodos ou descontentamentos acerca da educação podem se transformar em força propulsora para o desenvolvimento da criatividade no ambiente educacional? As inquietações também podem ser canalizadas para a busca de soluções criativas, objetivando o aprimoramento do ensino. A busca de espaço e de possibilidades presente no campo da arte, poderia, a nosso ver, ser transposta ou adaptada ao universo da educação. Além dessa contribuição, quando as artes visuais se juntam com a neurociência, também fornecem reflexões profícuas, como o caminho criativo no cérebro.

Como os professores encaram a criatividade?
De modo geral, entendem a importância da criatividade e muitas vezes são criativos. Mas acreditamos que gostariam de dar aulas ainda mais criativas. No entanto, a facilidade ou não de “aplicá-la” está relacionada a muitos aspectos, como a dificuldade de se ter tempo para refletir sobre isso dadas as condições de trabalho dos professores e as demandas plurais no campo da educação. Outro aspecto que provavelmente não contribui para que alguns professores se aventurem a planejar aulas mais criativas é uma espécie de censura coletiva presente no sistema escolar: temos medo de saber o que nossos gestores vão dizer, aquilo que nossos colegas vão comentar, o que os alunos vão achar, ou mesmo o que os pais vão pensar. E por último, projetos coletivos ainda não são tão constantes assim, o que contribuiria muito para o aumento da criatividade no ambiente escolar. A escola criativa é aquela que incentiva seus docentes a desenvolverem aulas criativas, promovendo discussão de ideias e reflexão sobre soluções novas para problemas antigos, transformando a sala de aula em espaço lúdico, onde impera o prazer da descoberta.

Quais são os princípios da criatividade?
A criatividade é amplamente discutida por diversas áreas do conhecimento, dentre as quais se destaca a psicologia. Tomamos como princípio que a criatividade depende de três aspectos principais que não são organizados de forma hierárquica nem cronológica que são: 1. Necessidade: gera o ato criador, pois sem haver necessidade não se cria nada (ela pode ser estética, o que justifica as criações que, em princípio, não têm ‘utilidade’). 2. Repertório: só se cria a partir do que se vivenciou por meio dos sentidos. Trata-se da matéria-prima da criação. Nesse aspecto, quanto mais repertório, maior será a capacidade de criar. 3. Imaginação: é preciso pensar para além do óbvio e do lógico e aventurar-se para imaginar o que [ainda] não existe.

Temas relacionados à Educação também fazem parte das conversas do dia a dia da família?
Como somos uma família de professores, conversamos sobre questões do nosso interesse, como é o caso da escola, ensino, aprendizagem, artes e criatividade. Vivemos a educação de maneira muito intensa, trocamos experiências uns com os outros. Mas não nos “prendemos” a esses assuntos: é necessário ver, ouvir, discutir e tratar dos mais diferentes assuntos para, constantemente, criar amálgamas de criatividade. Uma aula criativa é um diálogo inovador entre alunos e professores em volta de um projeto de aprendizagem. Nosso trabalho procura dar uma demonstração de como cada um dos membros de uma família pode explorar suas especialidades e apresentar reflexões inovadoras para uma aprendizagem lúdica e prazerosa. Num diálogo descontraído entre as artes visuais, a música e a neurociência procuramos mostrar como a aprendizagem pode ocorrer de modo espontâneo e agradável.

>> Patrícia Melo é jornalista desde 2001 e há sete anos atua em benefício da Educação por meio da Comunicação. Hoje, também é empreendedora, com a Presença – Comunicação Educacional, que tem como objetivo a produção de textos, entrevistas, reportagens e projetos comunicacionais direcionados especialmente ao universo educacional. Dessa forma, contribui para um diálogo mais consistente e criativo entre a Escola e a Família.

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