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Criança, cinema e direitos humanos
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Poderíamos pensar algumas relações que o título deste post sugere a partir do direito das crianças à cultura e enfatizar a importância do cinema na educação. Ou analisar os modos de representação das crianças nos filmes e como elas são retratadas na diversidade de histórias. Poderíamos ainda pensar nos direitos humanos e suas interfaces com a infância vivida em diferentes contextos socioculturais.

Enfim, muitos são os caminhos. Mas e se perguntássemos sobre os filmes que assistimos quando criança e que de alguma forma marcaram nossa infância, será que lembraríamos? Que imagens, vínculos e sentidos essa lembrança dos “filmes de criança” nos traz? Que relações construímos com as histórias, os personagens, os dramas e as aventuras que os filmes propiciam? O que permanece como experiência em nós?

Afinal, o que acontece quando entramos numa sala de cinema para assistir a um filme? Uma sala grande, escura, cheia de poltronas, climatizada, música ambiente, com uma imensa tela na frente e algumas “janelinhas” atrás, por onde sai a luz que, aos poucos, vai iluminando a tela e criando um clima que nos convida à imersão em outra história. É nesse tempo/espaço próprio do cinema que as imagens, as músicas e o ambiente nos transportam para um lugar onde deixamos de ser espectadores para viver emoções: nos identificamos com os personagens, vibramos com as aventuras, choramos com as amarguras, e nos emocionamos com a vida. E quando se acendem as luzes, o letreiro sobe e o filme termina, a saída do cinema nos faz voltar para a vida cotidiana.

Muitas explicações têm sido dadas sobre tais experiências e o que elas propiciam, como entretenimento e diversão ao estímulo à inteligência, à crítica e à imaginação. Em pesquisa intercultural sobre criança, cinema e educação aprofundei um pouco alguns estudos sobre isso, chegando a uma proposta de um percurso didático para trabalhar o cinema na escola. E com isso aprendi que a história do cinema oferece diversas explicações sobre as transformações provocadas pela sétima arte nas mais diferentes sociedades, pessoas e imaginários.

E aqui podemos trazer a criança de volta à cena de nossa discussão e pensar desde os filmes do cinema mudo como O Garoto, de Charles Chaplin, até alguns filmes da 7ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que acontece em diversas cidades do país entre os dias 3 a 8/12/2012.

Oferecer a possibilidade de outra experiência de sensibilidade para além do que o cinema comercial traz pode revelar outras formas de crianças e jovens entenderem o mundo. Além da fruição que os filmes propiciam, alguns também nos levam a pensar nos mais diferentes valores e na ética e estética que certas histórias colocam em jogo. E com a mediação adequada podemos enriquecer o nosso olhar diante dos filmes e da vida.

Esse é um dos papéis da crítica de cinema, pois além de prolongar o impacto da obra, pode fornecer meios para os espectadores terem uma leitura mais rica do que assistem e assim aproveitar melhor o filme. Além disso, pode trazer outras referências não apenas para ampliar o repertório cultural do espectador, mas para inspirar outras formas de sentir o mundo, o outro e nós mesmos.

O cinema pode oferecer um caminho privilegiado que une educação, experiência lúdica, lazer, entretenimento com formação e reflexão. Por meio das narrativas cinematográficas podemos ampliar a discussão sobre a relação das crianças e jovens com as produções culturais desse e de outros tempos a partir de outros olhares. Afinal, tão importante quanto as histórias que os filmes trazem, é saber como crianças e jovens vivem, interpretam, reelaboram e significam tais experiências. E o tema dos direitos humanos pode ser uma boa pedida para essa conversa.

>> Monica Fantin é Doutora em Educação, Professora do Curso de Pedagogia da UFSC e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Linha de Pesquisa Educação e Comunicação, PPGE/UFSC. Confira seu blog aqui.

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