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(Imagem: Divulgação)

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Quem cuida e educa as crianças deste mundo também deve cuidar e educar a si mesmo. Resolver suas dúvidas, inseguranças, questionar suas crenças e rever seus valores é sem dúvida um trabalho árduo, mas necessário a quem escolhe educar outro ser. É nesse caminhar, acompanhando o desenvolvimento do outro e se colocando também como um aprendiz, que o caminho faz sentido e torna-se muito mais gratificante, isso permite deixar-se surpreender, conhecer e aprender…

Em tempos de angústia, somos exigidos na busca da transformação. Se pensarmos no quanto de dor e sofrimento é necessário para nos transformarmos, podemos entender que esse é um processo constante em nossas vidas. Vamos pensar no nascimento? A natureza, sábia, prepara o corpo da mulher para receber um novo ser, na hora do nascimento há dor, tensão, angústia, ansiedade, e todo esse processo é preparatório para a morte de uma mulher e o nascimento de outra, agora mãe.

A sensação de morte é presente no processo de transformação, mas quando a mulher confia em si mesma e nos que estão a sua volta, consegue se entregar a essa dor, aceitá-la e se abrir para o novo, para esse desconhecido que lhe transforma em alguém mais forte, mais paciente, mais crente em si e nos outros, e com muito mais amor. Essa transformação também ocorre com os homens, que se dispõem a enfrentar seus medos e angústias, tornando-se pais.

Vivemos uma sociedade em que a dor não é aceita, temos que estar constantemente anestesiados (remédios para alívio da dor, entretenimento em todos os lugares para estarmos sempre “felizes”, conversas superficiais onde “tudo está bem”, pois não há espaço para ouvir o que não está bem, todos devem ser “perfeitos” e terem uma vida “perfeita”) e nossas dores vão sendo “escondidas”. Por outro lado, nunca tivemos tanta gente infeliz, cansada, estressada, com problemas de saúde, sozinhas e com tanta solidão. Algo muito paradoxal!

Toda essa consciência da necessidade de transformar-se constantemente, enfrentando as dores e desconfortos, sem viver de forma anestesiada por uma cultura hedonista é, sem dúvida, um processo de aprendizagem. No conceito de educação (que vem do latim educere: trazer de dentro para fora), já está implícito um processo constante de despertar algo que é próprio do ser humano, mas que só se constrói diariamente nas relações estabelecidas com o outro.

E o amor, que vem com a força da renovação e da vida, como se constrói? Ele nasce em cada gesto da mãe com o bebê, cheiro, toque etc. Esse amor, afeto, é que transforma e ele só ocorre presencialmente. Grávidas idealizam seu bebê, mas quando começam a sentir ele mexendo, ou ouvem seu coração, elas constroem com esses estímulos uma relação amorosa.

Mesmo as mães não biológicas constroem esse amor com uma relação presencial e, assim, constroem suas famílias, com ou sem pai, com duas mães, dois pais etc. O importante é o afeto, alimento fundamental para a sobrevivência do bebê, da criança, do adolescente e do ser humano. Esse é o papel fundamental daqueles que educam. Auxiliar no desenvolvimento de um novo ser, construindo afetos que se dão nas relações com a criança. Mas para amar é preciso amar a si mesmo.

Quantas vezes nós paramos para olhar para nós mesmos? O quanto estamos cuidando de nós? Por vezes, no cuidado com quem a gente ama, esquecemos de nós mesmos. Então, o convido para essa reflexão: quais são seus sonhos? Suas intenções? O que te mobiliza? O que te inspira? O que faz sentido para você em sua vida?

*Artigo escrito por Adriana A. Bini, psicóloga e colaboradora da Associação Gente de Bem, instituição que desenvolve formações para adolescentes, educadores e familiares baseadas nas concepções de educação integral transformadora. A Associação Gente de Bem colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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