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Muito se debate sobre a melhor forma de inclusão da pessoa com deficiência, questionando-se principalmente o trabalho das escolas de educação especial. Em alguns estados, como em Santa Catarina, o poder público tem optado por acabar com essas instituições por dois motivos básicos: a) consideram que todas as pessoas com deficiência podem ser abarcadas pela educação regular e b) têm dúvidas quanto ao impacto do trabalho feito nas escolas, até pela falta de mensuração confiável de resultados. Esses governos defendem que alunos com deficiência de nível leve devem ser atendidos no ensino regular; os outros são classificados como portadores de problemas de saúde e encaminhados a centros de atendimento, únicas instituições especiais conveniadas por esses estados. É aí que está o equívoco. Neste artigo, vamos mostrar a diferença das escolas e dos centros e também a importância da criação de um modelo padrão de mensuração da educação especial, de forma a obter dados e informações quantitativas e qualitativas que possam servir de guia para as políticas públicas, evitando que elas sejam definidas baseadas em opiniões e sentimentalismo, e tirando essa discussão do amadorismo. Afinal, milhares de famílias são impactadas pelas decisões governamentais.

O aluno com deficiência tem problemas de saúde, mas não apenas isso. Este público necessita da solução integrada de educação, saúde e assistência social. Nos centros de atendimento ele passa de consulta em consulta com psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, em uma agenda que não favorece o convívio social. A saúde é sim muito importante, mas é necessário que os estudantes, por mais que não aprendam a ler e a escrever em sala de aula, dependendo de sua deficiência, tenham oportunidade para se desenvolver, para, por exemplo, aprender hábitos simples como os de higiene, para ter atitudes que o permitam ser independente. Isso o centro não ensina.

Na outra ponta, as escolas não conseguem mostrar que suas atividades educacionais têm impacto na educação e na inclusão social dos alunos deficientes. Esta discussão é tema de diversas matérias e tem aflorado o sentimento de muitos pais e pessoas envolvidas na causa da pessoa com deficiência. Pense por um minuto: “Quais os resultados que uma escola especial traz para a pessoa com deficiência?” Em resposta, virá uma série de depoimentos, muitas vezes os próprios estudantes irão colocar a importância das suas instituições para eles mesmos. Entretanto, quais indicadores comprovam o resultado?

Você já ouviu alguém questionando a importância de uma criança sem deficiência ir para a escola? Ou alguém dizendo que na escola regular não se aprende a ler e a escrever? Provavelmente não, pois toda a sociedade tem consciência da importância da educação regular, pelos resultados comprovados que a escola traz a seus alunos. Da mesma forma que as diferentes esferas de governo têm indicadores e métodos de avaliação dessas instituições, é necessário que a educação especial comprove numericamente e cientificamente o seu trabalho. Atualmente, as instituições especiais do Paraná devem encaminhar relatórios por aluno, contendo descritivos e critérios de avaliação exigidos pelo Estado. Porém, este sistema de avaliação necessita de critérios que sejam universais aos tipos de deficiência, ou o mais próximo disso.

Na vivência da ASID em escolas em Curitiba e região, e mais recentemente também em cidades de Santa Catarina e São Paulo, foram levantadas diversas formas de avaliação, sendo que muitas são focadas na comunicação com os familiares. Esta é uma excelente iniciativa, que estreita o relacionamento com a família e acelera o desenvolvimento do aluno, além de pautar exatamente o objeto de trabalho da instituição com o estudante. Entretanto, é preciso que haja união das escolas especiais e, pela composição dos diferentes pontos de vista, se torne possível a chegada a indicadores de avaliação que mensurem de maneira universal, ou o mais próximo disso, o desenvolvimento dos alunos. Em nossa opinião, este trabalho poderia ser liderado pelo Governo Estadual, que detém o convênio com mais de 400 instituições no Paraná. É preciso que o Estado inicie grupos de discussão, implante modelos, faça testes e alcance um modelo final de avaliação. Para isso, pode-se também pensar na parceria com universidades e especialistas, além, claro, dos profissionais que já são parte das escolas especiais.

Desta forma, acreditamos que o estudo sobre a inclusão deixará de ser sentimental ou baseado em depoimentos fervorosos, e todos poderão avaliar, com base em dados quantitativos e qualitativos, o trabalho da escola especial. A comprovação de resultado trará base científica para o grande impasse da inclusão que hoje é tão comentado em toda a sociedade.

>> Artigo escrito por Alexandre Schmidt de Amorim diretor de Projetos e fundador da  Ação Social para Igualdade das Diferenças –  ASID, organização social que trabalha para melhorar a gestão das escolas de educação especial gratuitas, resultando na melhoria da qualidade do ensino e na abertura de vagas no sistema. A ASID colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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