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(Imagem: Divulgação)

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A crescente produção musical dirigida ao público infantil no Brasil vem chamando atenção de críticos, educadores, pais e produtores. Uma parcela significativa do repertório de canções destinadas às crianças na atualidade é permeada por um tipo de preocupação muito comum em nossos tempos: a formação intelectual e cultural dos pequeninos. Artistas como Paulo Tatit, Hélio Ziskind, Sandra Peres, Arnaldo Antunes, Edgar Scandurra, Adriana Calcanhoto e Fernanda Takai são exemplos de uma motivação específica: fazer música para crianças apostando nas suas competências cognitivas e evitando infantilizar demais a própria infância.

As décadas de 1960 e 1970 são consideradas a fase áurea dos discos infantis no Brasil, mas a partir do ano de 2001, inicia-se um novo período de descoberta da produção voltada à infância. De fato, a nova música infantil, que surge a partir deste século, considera uma nova concepção de infância para corresponder melhor à expectativa de pais e educadores preocupados com a formação de seus filhos e alunos. Ou seja, a música produzida para crianças terá que ir de encontro a um público cada vez mais exigente e preparado para o consumo de arte. E esse público não é formado apenas por crianças. A música feita para elas não é apenas objeto de deleite dos pequeninos. Os adultos se identificam com os temas, valorizam a elaboração poética das letras e, cada vez mais, selecionam os produtos que compram e disponibilizam para seus filhos. Compor para crianças significa também compor para pais e educadores.

Nos últimos anos, surgiram no Brasil centenas de grupos artísticos independentes, formados por músicos, atores, arte-educadores que se destacam, cada qual em sua região de abrangência, e fomentam a existência deste significativo campo de produção musical independente, tão fecundo e importante para a formação do gosto estético das crianças. Estes grupos independentes concorrem com a emergente indústria do entretenimento infantil, que opera sua produção tendo como critérios as demandas de natureza mercadológica e, por isso, está atrelada ao desenvolvimento de novas tecnologias. Apesar de deter uma fatia relativamente pequena do mercado de espetáculos para crianças no Brasil, os artistas independentes se associam a pequenas produtoras e realizam um trabalho de formação de público abrangente e imprescindível, circulando em escolas, projetos sociais, praças, teatros e eventos de grande proporção.

Se ainda predominam no gosto popular as produções massificadas que ganham escala no mercado, isso se deve ao fato de que estas produções contam com investimentos também massivos. O gosto popular é formado na relação direta do público com os bens de consumo disponíveis, por isso ganham tanta popularidade as produções atreladas aos programas televisivos infantis. Carecem, ainda, de incentivo, as produções independentes, capazes de dar origem ao novo, ao inesperado que surpreende. E este ingrediente chamado novidade é tudo o que as crianças querem. Isso todo pai e educador sabe.

Algumas iniciativas recentes já mostram que este cenário tende a mudar nos próximos anos. É o caso do CURITIBIM, evento criado na capital paranaenses para fomentar a produção criativa para a infância e que receberá neste domingo no Teatro Guairinha dez artistas com uma trajetória marcante no cenário da música independente. Iniciativas como essa tornam-se ferramentas importantes para o mapeamento e o incentivo da produção musical para crianças e cumprem com o objetivo de valorizar artistas independentes que, apesar de possuírem uma trajetória de sucesso em suas regiões, ainda não encontram meios abrangentes de distribuição de seus produtos.

*Artigo Escrito por Nélio Spréa. Doutorando e Mestre em Educação pela UFPR – Universidade Federal do Paraná, Graduado em Música pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná, Palestrante e Diretor da Parabolé Educação e Cultura, que desenvolve projetos culturais de interesse social e educacional. O profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no Blog Educação & Mídia.

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