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(Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo)
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(Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo)

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Interessante pensar em Platão. Nascido em aproximadamente 427 A.C.Viveu em uma época caracterizada por valores antigos e um novo mundo que surgia abrindo uma grande possibilidade de riqueza de ideias.Com ele a filosofia ganha novos contornos e objetivos morais. Para Platão o âmbito da filosofia se estende a tudo que existe, o homem está ligado a duas realidades – a inteligível e a sensível. A primeira se refere à vida concreta, duradoura, não submetida a mudanças; a pureza da alma, que nos é velada e corrompida pela vida material e pelas paixões. A outra está ligada ao universo das percepções, de tudo que toca os sentidos, “um real que sofre mutações e que reproduz neste plano efêmero as realidades permanentes da esfera inteligível”. Aí se encontra a Teoria das Ideias ou Teoria das Formas.

A Alegoria da Caverna, uma parábola relatada por Platão, traz reflexões interessantes sobre o que é real e sobre o que é imaginado pelos sentidos, os quais muitas vezes nos pegam como presas fáceis para encobrir a verdadeira realidade que é imutável como o é a realidade divina. Para Platão o espírito humano se encontra aprisionado no corpo material, a ‘caverna’ onde o ser se isola da verdadeira realidade, vivendo nas sombras, à espera de um dia entrar em contato concreto com a luz externa. “Assim, a matéria é adversária da alma, os sentidos se contrapõem à mente, a paixão se opõe à razão. Para ele, tudo nasce, se desenvolve e morre. O Homem deve, porém, transcender este estado, tornar-se livre do corpo e então ser capaz de admirar a esfera inteligível, seu objetivo maior” (F.J.Thonnard).

Afora, creditarmos ou não como verdades as afirmações de Platão podemos estabelecer algumas comparações para nossa realidade contemporânea.

As informações ou desinformações circulam cada vez com maior velocidade. Inúmeros são os apelos das novas tecnologias e a necessidade em adequar-se a cada “modelito novo.” Tudo tornou-se descartável. O que é real a nossa volta, hoje, pode ser que não o seja no dia de amanhã. Vemos imagens refletidas como verdades, como as imagens da “caverna” davam a ilusão da realidade. A matéria, adversária da alma, tornou-se o trono da verdade. “Os sentidos se contrapõem à mente, a paixão se opõe à razão”. Mais real do que nunca. Talvez, até mais real do que há 427 A.C.

O consumismo tomou conta de nossa sociedade e parece tão natural essa busca incessante pelo novo modelo, pela nova cor, o adereço mais interessante, o acessório da moda. Não conduzimos nossas vidas. Somos, sim, conduzidos por interesses que fogem de nosso controle. Mal percebemos que a vida é um átomo de segundo e a felicidade reside na singeleza intocável do belo, do puro.

É a Educação na tarefa edificante da formação de cidadãos conscientes.Vivemos dias de alucinada velocidade onde o tempo parece escapar por nossos dedos. Essa velocidade exige mudanças rápidas de paradigmas e estratégias. As conversas são as mesmas: não temos mais o domínio sobre o nosso tempo. Mais grave, não temos mais domínio de nós mesmos! O império da vontade e do desejo individuais nos afastam daquilo que a filosofia historicamente buscou no sentido da vida: um valor maior que nos una enquanto humanidade. A busca DO BEM, não de um bem. (Os atenienses condenaram Sócrates a morte pela cicuta por sua incessante busca pela verdade; os habitantes da caverna apedrejaram seu par que ousou vislumbrar a luz e questionar as “sombras da verdade”; e nós, como procedemos com aqueles poucos que tentam dar alguma ordem ao caos social que vivemos?)

>>Artigo escrito por Fátima Chueire Hollanda, diretora da Teaching Consult e assessora pedagógica do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.  

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