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(Foto: Arquivo/Gazeta do Povo)
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A questão da formação docente está inserida num quadro de múltiplas variáveis. O Brasil, o governo e a sociedade vieram, ao longo dos anos, fazendo escolhas que resultaram na situação que nos encontramos hoje. A decorrência da má educação não é de responsabilidade somente dos políticos que elegemos. Temos parcela de responsabilidade nisso.

A educação desses tempos precisa atender as transformações velozes pelas quais passa a nossa cultura. Estamos vivendo uma revolução nas tecnologias, na comunicação, nos descobrimentos científicos, nas relações humanas, na produção de alimentos, nas mudanças climáticas. Muito do que conhecemos hoje terá de ser desaprendido, pois ficará obsoleto. Hoje, o conhecimento tem maior valor do que o produto em si. Um automóvel vale mais pela tecnologia (conhecimento) presente nele que pelo material usado para construí-lo.

Será que a aprendizagem que oferecemos aos nossos estudantes atende a esses desafios? É fácil perceber que aquilo que ensinamos e o modo como ensinamos não atendem mais as demandas dessa época. O desafio da Escola é ensinar o estudante a pensar e, para isso, os professores precisam ser bem formados; é um dever de casa que não estamos fazendo bem.

Sendo assim, o que uma formação docente deveria conter para atender o chamado desse novo tempo? Sem a pretensão de propor a solução, mas trazendo um pouco de luz a essa discussão, destaco alguns saberes necessários à prática docente que merecem muita atenção, mas não são tratados nas formações. São saberes importantes porque favorecem a qualidade educacional mesmo que, muitas vezes, não se tenha as melhores condições para exercer o trabalho.

O docente precisa saber como as pessoas aprendem. Aprender não é repetir mecanicamente conteúdos, mas atribuir um significado pessoal, tomando o que aprendeu como ferramenta de pensamento, capaz de mobilizar essas aprendizagens na solução de problemas, na invenção, no aprimoramento, para viver melhor e fazer melhor a vida dos outros.

Como consequência de como as pessoas aprendem, inevitavelmente será necessário rever o modo como se ensina e como se avalia. O que os estudantes fazem não é o que eles são, mas o que os nossos métodos de ensino e avaliação determinam que façam. Para saber que professor eu sou, basta olhar para o que os estudantes estão fazendo.

Outro aspecto é saber qual a finalidade dos conteúdos Escolares. Os conteúdos não são bons por si mesmos, mas porque, por meio deles, problematizamos o nosso ser e estar no mundo, compreendemos melhor a nossa cultura, entendemos melhor o mundo em que vivemos.

Também é preciso considerar (parece óbvio, mas não acontece!) que o professor bem formado conhece os conteúdos específicos de sua área de formação e técnicas de ensino. Só podemos ensinar bem aquilo que conhecemos. Uma criança tem o direito de ser bem alfabetizada tanto na língua materna quanto em Matemática. Aprender com qualidade é um direito!

Por último, é importante dizer que a aprendizagem passa pela vontade do professor. Por mais cursos de que participemos, se a nossa atitude não for acolhedora, nada muda, porque nada se pode fazer.

Temos a responsabilidade prazerosa de fazer as nossas crianças olharem para o presente com perspectiva de ver um futuro de possibilidades e não de determinismo. Se há um segredo para a educação de qualidade, este é alunos aprendendo com professores bem formados.

>>Artigo escrito por Flavio Antonio Sandi. Matemático, mestre em Engenharia de Produção pela UFSC e diretor educacional da Rede de Colégios do Grupo Marista, colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia. 

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