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(Ilustração: Marleth Silva)
(Ilustração: Marleth Silva)| Foto:
(Ilustração: Marleth Silva)

(Ilustração: Marleth Silva)

O futuro pode tornar o presente fascinante. Que o digam escritores da ficção científica e cientistas que se aventuraram na literatura. E o presente nos empenha na construção do “inédito viável” (P. Freire), num horizonte idealizado, contudo vinculado às pessoas e a processos bem tangíveis.

Paradoxalmente, nesse momento com tanto desenvolvimento tecnológico, materializando previsões ou intuições dos melhores ficcionistas do século XIX e XX, temos um grande déficit de esperança. Muitos apresentam o caos como futuro, o “Apocalypse Now”!

Em outra direção, os que estamos em Educação, que atuamos com crianças e adolescentes, temos colhido, nessa geração, sinais evidentes de seres humanos muito melhores, mais abertos à diferença, com disposição ao trabalho colaborativo, mais tecnológicos, porém mais simples, francos e diretos.

O grande desafio: quais profetas desse tempo inspirarão nossa atuação na educação? Que vozes e que processos nos permitirão avançar? O certo é que a tecnologia, como caminho e linguagem, não fará a opção por nós.

O cenário da esperança e do compromisso de todos é bem descrito por um profeta vindo do “fim do mundo”. O Papa Francisco tem evidenciado um caminho possível, um diálogo para o encontro, por meio da tecnologia do abraço, do sorriso, da palavra simples e clara que têm descortinado um futuro melhor para a terra: “A casa comum de todos os homens deve continuar a erguer-se sobre uma reta compreensão da fraternidade universal e sobre o respeito pela sacralidade de cada vida humana… A casa comum de todos os homens deve edificar-se também sobre a compreensão duma certa sacralidade da natureza criada. ” (Laudato Si).

Um outro profeta atual, José Pacheco esteve conosco no 1º Simpósio Marista de Educação, Tecnologia e Linguagem. Mentor da Escola da Ponte (Portugal), reitera o principal problema da educação, também no Brasil: “continuamos a ensinar jovens do século XXI com professores do século XX e um paradigma do século XIX. Com ou sem novas tecnologias, aliás as novas tecnologias até podem contribuir para aprofundar a crise se forem usadas em função do paradigma velho” (entrevista a Vitor Tavares).

Pacheco coloca em cheque a aula, a distribuição das classes e dos tempos escolares, o papel de educadores e estudantes, questiona o que é aprendizagem e qual a finalidade da escola. Não questiona o futuro da educação, mas o inevitável fim de um modelo ultrapassado de escola. Como afirma, o problema não é do uso ou não das novas tecnologias nos espaçotempos escolares, mas da própria concepção do conhecimento e de como este se constrói.

Se temos poucos profetas contemporâneos, cujo mantra é uma educação capaz de reumanizar a comunidade mundial, é preciso ouvi-los e começar a fazer pequenos movimentos que resgatem a fé e a esperança no futuro, este futuro que se construirá na misericórdia, no cuidado educativo, no afeto e no respeito absoluto, também a partir da escola.

*Artigo escrito por Ascânio João (Chico) Sedrez, Diretor Geral do Colégio Marista Arquidiocesano, da Rede de Colégios do Grupo Marista. O Grupo Marista é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia. 

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