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(Imagem: Brunno Covello)

(Imagem: Brunno Covello)

Em recente visita ao Brasil, Manuel Castells, um dos maiores pesquisadores mundiais em sociedade, cultura, economia e educação, um homem com pelo menos, setenta anos de existência, nos contou que:

“Quando a minha geração desaparecer, o acesso à INTERNET será universal. O problema é a capacidade de atuar através da internet, que depende, principalmente, do nível educativo e cultural das pessoas. É nisso que está o problema do Brasil: no sistema educativo. Um país educado com internet progride. Um país sem educação utiliza a internet para fazer ‘estupidez’.” CASTELLS (2015)

Como professores, não acreditamos na educação e na tecnologia como instrumento de proliferação da “estupidez”…por isso venho em defesa de uma educação humanista que, desde 1968, no Brasil, já tinha um precursor que defendia, usava e desenvolveu um método de alfabetização revolucionário embasado nas articulações pedagógicas possíveis entre a tecnologia da televisão e de gravações cinematográficas para difundi-lo. Em seu Ação Cultural e Revolução Cultural (1968), Freire nos apontava que a sociedade massificada surge nas sociedades altamente tecnologizadas, absorvidas pelo mito do consumo.

Professores e professoras, que sociedade habitamos?

Será uma sociedade da informação? Do conhecimento? Tecnologizada ou tecnológica? Líquida ou digital?

A única consciência histórica que possuímos é que vivemos em uma era denominada “contemporânea” e que com toda esta “contemporaneidade” vieram evoluções, conhecimentos e formas de comunicação as quais não estávamos habituados. Perceba, a imensa maioria dos brasileiros tem acesso à INTERNET. O que eles não têm, é internet instalada em sua casa, mas têm seus smartphones conectados, seja no metrô, nos cafés, nas lan houses, restaurantes, ônibus. Isso significa que em nosso país a maior parte dos adultos economicamente ativos e com menos de 30 anos tem conexão à REDE, mesmo que sejam socialmente excluídos, pois a conexão com a comunicação social passou a ser prioridade de consumo de todo povo.  Segundo Castells, existe um dado confiável em nível global que diz que 50% da população adulta do mundo tem um smartphone atualmente e a projeção para 2020 é de que a porcentagem seja de 80%. Portanto, a difusão de smartphone no Brasil tem também um foco de, no mínimo, 50% da população adulta. As estatísticas tradicionais de uso de internet são absolutamente antiquadas, porque contam a internet na casa das pessoas e a realidade não é assim. A maior parte delas não usa a internet em casa, mas sim no smartphone, acessando no trabalho, na rua, em ambientes comerciais, instituições públicas e é claro, na escola.

Percebemos que a chamada brecha digital está praticamente superada, ela é principalmente uma brecha de idade. “Quando a minha geração desaparecer” nos diz Castells, “o acesso à rede será universal”.

O que nós, profissionais da educação, faremos?

Faremos o que nos ensinou um velho amigo, quando declarou que “Faço uma questão enorme de ser um homem de meu tempo e não um homem exilado dele” (FREIRE, 1984). Para Paulo Freire, a tecnologia deve ser entendida como uma das “grandes expressões da criatividade humana” e também como “a expressão natural do processo criador em que os seres humanos se engajam no momento em que forjam o seu primeiro instrumento, com que de melhor possuem e que então, a partir daí, transformam o mundo”.

Para nosso educador histórico, “a tecnologia faz parte do natural desenvolvimento dos seres humanos”, e é elemento para a afirmação de uma sociedade (1993).

Professor, que ESPAÇO TEMPO você habita? E a escola que você atua, forma cidadãos para qual SOCIEDADE?

*Escrito por Glaucia da Silva Brito e Ariana Chagas Gerzson Knoll. Glaucia é professora do Departamento de Comunicação Social e dos Programas de pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) e Educação (PPGE) da Universidade Federal do Paraná – UFPR, pesquisadora em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação. Ariana é pedagoga e doutoranda do PPGE – UFPR. As profissionais colaboram voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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