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Há quem veja dicotomia entre as várias mídias e afirme uma superação de uma pela outra. Não é o meu caso. Também não é o caso do Filósofo Francês Pierre Levy, que no livro Cibercultura, assume a premissa de que ao invés de uma substituir a outra, elas se complementam. Uma lenda grega levanta a reflexão sobre o surgimento da escrita. No fragmento “O Julgamento de Thamus” um rei se apresenta contra uma invenção revolucionária, a escrita, pois para ele a memória seria colocada em risco de extinção se as pessoas pudessem escrever tudo, sem precisar guardar na cabeça. A mudança provocada por cada tecnologia é imprevisível e difícil de conter. Da mesma forma são seus benefícios.

Mas não é só no campo conceitual que esta premissa se confirma. Três pesquisas divulgadas recentemente ajudam a olhar esta situação. A Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, informa que 97% dos entrevistados dizem assistir TV com frequência; 65% deles assistem diariamente, numa média de 3h30; 67% tem acesso a TV aberta; 7% assistem somente TV paga, e 24% assistem ambas. No Paraná o percentual é muito similar: 66% dos paranaenses passam uma média de 3h diante da TV diariamente – sendo que, 66% na TV aberta, 7% na paga e 26% em ambas.

Segundo a pesquisa Brasil Conectado, de um grupo nacional de pesquisadores, há uma forte e crescente relação entre o uso simultâneo da internet e da televisão. A pesquisa aponta que 73% dos brasileiros usam internet e assistem TV ao mesmo tempo. Na maior parte das vezes os telespectadores-internautas estão fazendo algo na internet não relacionado ao que estão assistindo. O que indica um comportamento moderno, de pessoas que fazem mais de uma coisa ao mesmo tempo. Inclusive há diferentes características do público entrevistado.

Enquanto a primeira pesquisa entrevistou um maior número de mulheres, com mais de 55 anos e aposentados, a segunda contou com respostas de homens, em sua maioria, solteiros, na faixa etária de 25 a 34 anos. Podemos entender que há uma mudança de hábitos que indicam a complementação das tecnologias. Tudo que se pode fazer com a TV, também se pode fazer com a internet? E o contrário, é verdade? Por que tantas pessoas ainda usam estas mídias de forma simultânea? São questões que nos colocam a pensar sobre uma relação que está sendo muito bem explorada pelas pesquisas.

Além disso, é válido complementar as informações com a pesquisa Mídia Dados 2014 que indica leve acréscimo do investimento em mídia TV em relação a 2013, enquanto a internet teve um crescimento acelerado. A pesquisa afirma também que a televisão está em 97,16% dos lares brasileiros. No Paraná o número é de 97,3% e na Região Metropolitana de Curitiba, 98,2% dos lares possuem televisão. Não há indicativos de quem tenha trocado o aparelho de televisão por computadores com internet.

Outro fato que merece ser destacado é que depois dos programas de variedades, que estão diluídos na programação das emissoras de TV aberta, cerca de um quarto do que exibem é programação jornalística. E esta programação está situada nos horários de pico de audiência nacional, que segundo a Mídia Dados é, nos dias de semana, entre 19h e 23h.

A relação das pessoas com as mídias parece mais complexa do que postula qualquer lógica de superação ou substituição.

>> Artigo escrito por Everton Luiz Renaud de Paula, filósofo e mestrando em Educação pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Atualmente, é tutor na UFPR e professor tutor na Universidade Positivo. O profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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