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(Imagem: Divulgação)

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“Não tenho medo da palavra “tensão”. Opus-me veementemente à tensão violenta, mas há um tipo de tensão construtiva, pacífica, que é necessária para o crescimento. (…) nós nos arrependeremos, no tocante a essa geração, não apenas das palavras e ações odiáveis das pessoas más, como também do silêncio espantoso das pessoas boas. ”

Martin Luther King Jr., Carta da Prisão de Birmingham, 1963.

Uma negra sentada no ônibus em lugar que a ela era proibido. O estopim para surgir um líder que dedicou sua vida à causa do fim da segregação racial, pelos direitos civis dos negros e dignidade a todos os seres humanos. A história de M. L. King serve de inspiração para a reflexão sobre a crise em que vivemos na educação de nosso estado e país. Crise que gerou violência, desrespeito e, principalmente, descrença. Descrença de que é possível mudar a realidade em que vivemos e alcançarmos o sonho de tantos de uma educação com mais qualidade, democrática e respeitada.

Na fala de muitos, percebe-se a falta de credibilidade de que a educação pública possa ser exemplo e referência. Convido a todos para resgatarmos a fé e a esperança e olharmos para além desse momento de crise. Olharmos além e para os lados! Como a ponta do iceberg, esse momento exige um esforço para uma análise mais profunda de que todos nós podemos aproveitar essa crise como uma oportunidade de mudança mais profunda!

L. King, inspirado em M. Gandhi, deu inúmeros exemplos, por meio de atitudes firmes e pacíficas, de que a tensão, a crise e o conflito, podem ser construtivos para uma real transformação. No entanto, alertou, com seu incrível poder de oratória, de que, para isso, é necessário o engajamento e não a omissão. Entendendo que o papel do educador tem sua parcela importante de responsabilidade para essa transformação e, comprovando diariamente em nossa prática de 15 anos trabalhando com a educação pública no Paraná, vimos que essa transformação também ocorre por meio da indignação usada como instrumento para mudanças efetivas no dia a dia das escolas. São inúmeros os exemplos de professores que, apesar das contradições e adversidades, fazem do seu papel algo digno de aplausos.

Um professor que ao presenciar uma cena de racismo ou homofobia em sala de aula não é omisso e utiliza-se da violência como uma oportunidade educativa para todos os seus alunos.

Um jovem que, apesar de toda a deficiência física que poderia lhe ser limitadora, é o representante de turma e, mais tarde, o presidente do grêmio estudantil por anos, reconhecido por todos como líder justo e fraterno.

Um funcionário que se engaja em organizar o recreio de sua escola e, junto a outros colegas e alunos, proporciona inúmeras ações educativas e por consequência, a diminuição das brigas entre estudantes.

Uma criança que, por seu gosto na leitura, organiza uma campanha de doação de livros para a biblioteca de sua escola, mobilizando outras crianças a lerem mais e melhor. E suas famílias também!

Uma diretora que, apesar do medo e resistência, se dispõe a conhecer melhor as famílias de sua escola e, com isso, consegue apoio para que não haja depredações ou roubos na escola e maior participação nas reuniões propostas pela equipe pedagógica.

Quando iremos reconhecer que essa é também a realidade de tantas escolas!? Educadores e educandos que diariamente agem de forma pacífica, honesta, justa e conseguem transformar relações e conflitos em relações diárias de respeito!

Busquemos, nesse momento de indignação e crise, as forças para uma real transformação da educação, resgatando o sonho e a chama da escolha! Afinal, por que somos educadores!? Inspiremo-nos na sabedoria de líderes que deram a vida por uma causa e conseguiram com paz, amor e sabedoria, tocar o coração daqueles que os desacreditavam e deixaram seu legado de transformação real, para além de suas vidas. Tratando a todos com respeito!

 

 

*Artigo escrito por Adriana A. Bini, Psicóloga e Colaboradora da Associação Gente de Bem, instituição que desenvolve formações para adolescentes, educadores e familiares baseadas nas concepções de educação integral transformadora. A Associação Gente de Bem colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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