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A escola do ano 2000 imaginada pelos ilustradores franceses Jean Marc CotÍ e Villemard em 1899

Muito interessante essa gravura que conheci por meio do professor João Barroso, professor da Universidade Nova de Lisboa. A gravura se chama “A escola no ano 2000”. Nela, jovens ouvem, quietinhos, os conteúdos transmitidos por uma engenhoca elétrica, alimentada por um professor de cabelos brancos.

Ou seja: Com exceção da tecnologia, tudo ficaria como dantes, na escola de Abrantes.

E não é que esses visionários gravuristas estavam certos? Pois não é exatamente o que nossos governos vêm fazendo com a política de distribuição de tablets e computadores nas escolas brasileiras? Disponibilizar engenhocas sem modificar padrões de ensino passivo e disciplinar, distante da realidade, retórico e unidimensional, traz alguma esperança de resultado?

E qual deve ser o resultado? Uma criança, um jovem, devem saber manejar, no grau mais próximo do limites de sua capacidade, as formas de conhecimento , ou seja, a percepção, a emoção, a linguagem e a razão. Para isso, as tecnologias podem ser ótimas mediadoras, mas nunca um fim em si mesmas. Para isso, as relações em sala de aula e, quem sabe, a própria sala de aula devem ser questionadas.

Qualquer posto de trabalho na nova economia do século XXI quer jovens profissionais capazes de resolver problemas, interagir com a equipe, colaborar com propostas e projetos, inovar e questionar velhos valores, respeitando limites éticos e profissionais, ser equilibrado e prestativo.

Quais dessas competências a escola de hoje desenvolve? Com as práticas de sala de aula, com suas amarras disciplinares, teremos jovens aptos para o mundo e suas demandas de inovação e colaboracionismo criativo?

Percebe-se pela análise da gravura de 1899 que o que tem de mudar é o ambiente da sala de aula: espaço, alunos,professores, programa, metodologias, práticas, posturas. Como bem ensina o professor João Barroso, a saída é uma refundação da escola. Urgente e radical. Fora disso, o dinheiro ao borbotões  que o governo anuncia como salvação da pátria será tão somente a alegria dos atravessadores e outros malfeitores, sempre à disposição de mais uma espoliação nacional.

 

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