Jair Bolsonaro representa uma fatia do eleitorado brasileiro que tem medo. E o medo faz com que estas pessoas busquem alguém que as defenda. E Jair Bolsonaro promete defender os indefesos. E , por isso, as pessoas votam nele.
Há um profundo “estelionato” nisso tudo, mas quem se importa? Há também um tremendo efeito simbólico em apoiar alguém que diz que “bandido bom é bandido preso”( ou morto!) e que não tem esse negócio de ser menor, se é “vagabundo” deve ser preso e pronto. E que o “regime militar” era bom porque havia “segurança” e quem foi preso pelo regime militar é porque “merecia” e quem era cidadão de “bem” não tinha medo. E por aí vai.
Como combater esse tipo de discurso? Xingando o Jair Bolsonaro? Tentando cassar seu mandato parlamentar? Xingando as pessoas que votaram nele? Tudo isso parece tão ou mais simplório que as falas do deputado. Na verdade Jair Bolsonaro expressa a opinião de uma faixa do eleitorado que tem medo e que não vê a ação efetiva do Estado combatendo esse medo, oferecendo respostas democráticas e eficientes ao medo que as pessoas sentem. Por isso as pessoas buscam saídas que julgam eficientes, mesmo que não sejam democráticas. Por que a democracia deve ser um valor maior do que a segurança e o bem estar? Como exigir isso das pessoas? Some-se a isso uma ausência de debate público, de construção de valores democráticos, de insistência nas soluções que fiquem dentro da esfera de respeito aos direitos de todos. Não há esse debate nas escolas; não há esse debate nos meios de comunicação; não há esse debate nas famílias. Como exigir que as pessoas se comportem de um jeito em relação ao qual nunca tiveram ou tiveram muito pouco de formação? Mas medo não exige aprendizado. Medo as pessoas sentem. E buscam guarida, abrigo, proteção. E Jair Bolsonaro oferece. E as pessoas votam nele.
E ele não é o único. Na última eleição o percentual de delegados e policiais militares eleitos foi o maior de toda a história eleitoral do país. O que isso significa? Significa que as pessoas estão com medo.
Mas muitos de nós – eu, pelo menos – não concordam com isso. Mas então o que devemos fazer? Xingar o deputado? Xingar as pessoas que votam nele? Realmente, sinceramente, vocês acham que esta é a melhor resposta?
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