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Cena do filme "Meu Namorado é um Zumbi"
Cena do filme "Meu Namorado é um Zumbi"| Foto:
Cena do filme

Cena do filme “Meu Namorado é um Zumbi”

Aproveitando a discussão de mescla de gêneros deixada aqui no Espanto por Guerra Mundial Z, podemos analisar outro caso de quase horror lançado este ano (e que também fala de mortos-vivos!): Meu Namorado é um Zumbi (2013).

Essa é uma obra que poderia muito bem ser uma narrativa de exploração produzida por Roger Corman. A fórmula se aproveita de dois elementos de sucesso do universo do horror: zumbis e romances entre monstros e humanos – vistos na popularíssima série Crepúsculo.

A solução é bastante inusitada, pois mortos são bem pouco sedutores, especialmente se comparados aos vampiros, galantes naturais. A mistura resulta num filme bem estranho, mas divertido.

Na trama, adaptada do livro de Isaac Marion, uma sobrevivente do apocalipse zumbi se apaixona pela criatura que devorou seu namorado. A premissa parte da ideia de que depois de virarem corpos carnívoros, as pessoas ainda têm algum tipo de consciência – pelo menos até virarem esqueletos, monstros que pouco lembram suas identidades humanas.

O diretor Jonathan Levine, que assinou o drama de câncer 50% (2011), criou para a narrativa um romantismo diferente dos suspiros e sussurros das adaptações dos livros de Stephanie Meyer. O caráter ridículo da relação entre os protagonistas, vividos por Nicholas Hoult e Teresa Palmer, acaba abraçado pelo tom do filme para criar humor.

Para fugir um pouco das comparações, além de usar o humor, Levine aposta no saudosismo. As cenas em que o casal se apaixona, por exemplo, são embaladas por diferentes canções dos anos oitenta, que vão de Bruce Springsteen a John Waite. Em alguns momentos, parece que estamos lidando com um filme de John Hughes – com mortos-vivos.

A nostalgia que acompanha a trilha sonora, na verdade, vira tema de várias cenas da produção. O personagem zumbi de Hoult passa os dias ouvindo discos de vinis, cercado por objetos antigos e filmes de horror da década de 1970. A metáfora aqui não é mais sobre uma sociedade socialmente decadente, mas sobre como deixamos de aproveitar as coisas boas que envelhecem. Trata-se de uma crítica à obsessão que desenvolvemos pelo novo.

Ou seja, apesar da proposta de explorar fórmulas conhecidas, Meu Namorado é um Zumbi acaba se tornando uma obra bem original. Pena que do horror, o que fica é só a temática.

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