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Deputados formam um quarteto de cordas. Na Suíça…
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Os deputados ensaiando para a abertura da nova legislatura do Parlamento Suíço

Os deputados ensaiando para a abertura da nova legislatura do Parlamento Suíço

Em meio à desilusão que o Brasil enfrenta diante da lamentável atuação de nossa classe política é chocante sabermos o que se passou na abertura da nova legislatura do Parlamento Suíço. No último dia 30, na cidade de Berna, capital política do país, houve uma cerimônia que empossou Christa Markwalder como a chefe do parlamento, tomadas as devidas proporções, cargo que Renan Calheiros atualmente ocupa no congresso brasileiro. Na Suíça isto equivale a ser na realidade chefe de governo. Ela se tornou, portanto, a pessoa mais poderosa na política de seu país. Ela foi eleita com 159 votos de um total de 183 deputados. Voltando à cerimônia houve algo que me chocou profundamente, brasileiro que sou, vendo diariamente as notícias mais descabidas de nosso congresso: Christa Markwalder ao violoncelo e mais três deputados, Balthasar Glättli no segundo violino, Kathrin Bertschy e Maja Ingold, ao primeiro violino e à viola, apresentaram um quarteto de cordas do compositor tcheco Antonin Dvořák, o Nº 12 em Fá maior opus 96, conhecido como “Americano”. O local da apresentação foi a sala principal do Parlamento Suíço que tem ao fundo uma bela pintura de Charles Giron (1850-1914). Uma imagem inacreditável para nós: Todos os parlamentares em silêncio ouvindo uma composição clássica tocada por seus colegas.

Os políticos suíços escutam seus colegas que formam um Quarteto de Cordas

Os políticos suíços escutam seus colegas que formam um Quarteto de Cordas

Diversas constatações que, acredito, são interessantes de se observar: o ensino musical na Suíça é bastante divulgado e praticado, e inúmeras pessoas são exímios amadores, músicos de horas vagas, mas com um nível técnico excelente. Ao invés de usar suas horas livres em aprimoramentos para surrupiar o dinheiro público, alguns políticos daquele país utilizam suas horas vagas para ter um nível técnico musical suficiente para executar o Quarteto “americano” de Dvořák. Outra constatação: os políticos da Suíça não possuem apartamentos funcionais, nem um exército de assessores como os nossos, e seus vencimentos se limitam a seus salários, não essa montanha de adicionais disso e daquilo. Já tive a satisfação de vê-los andando livremente pela rua, sem seguranças, motoristas, carros de luxo, e tudo o que já se tornou típico por aqui. Outra educação, outra ética. Algo a se refletir. E a lamentar.

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