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Flor de setembro: pensata poética sobre a primavera dentro de nós
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Àqueles que acreditam que sempre é possível recomeçar

Agora é setembro
Ainda me lembro
Estradas que nunca trilhei
Campos que não percorri
Sonhos que nunca sonhei
Vida que não vivi

Agora é setembro
E do que me lembro?
Felicidade? Tristeza? Solidão?
Agora é setembro
E assim os dias se vão
E logo será dezembro

Agora é setembro
Ainda me lembro
A esperança que abandonei
A ajuda que neguei
O perdão que não dei
A mágoa que cultivei
O chamado que não atendi
Amigos que esqueci
Olhos que me furtei de olhar
Amores que deixei de amar
Amar…
Amor…

Já é setembro…
E ainda me lembro
Janelas que fechei
Amanheceres que deixei de contemplar
Montanhas que nunca escalei
Poesia que tive vergonha de declamar
Melodias que não cantei
Músicas que preferi não dançar
O beijo e o abraço não dados
Carinho que quis demonstrar,
mas que aqui dentro encerrei
Brincadeiras que não brinquei

Agora é setembro
Ainda me lembro
Tudo que não fiz
Tudo que deixei passar
Tudo que um dia quis
E que agora só resta lamentar

Agora é setembro
Logo será dezembro
E quase já não me lembro
quem no fundo eu sou
E também ao certo não sei
e me pergunto: o que me tornei?

Sim, já é setembro
Mas agora só importa o que quero ser e serei
E não mais do que me lembro
Porque aprendi aquilo por que esperei
A lição do florescer de setembro:
a semente só brota quando à terra cai
Sim, este solo guarda uma flor
E, enfim, aqui lanço meu triste ai
Enterro minha dor
Planto o que nunca foi e o que era
Pra que nasça primavera
Minha primavera

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