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Informação não é conhecimento: preserve sua saúde mental
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Ultimanente você tem lido ou consumido informação?

A maioria dos estudos mais sérios sobre Alzheimer e demências em geral é enfática a respeito da importância da atividade intelectual na prevenção dessas patologias. A população está envelhecendo (nossa pirâmide etária está mudando rapidamente) e a tendência é que tais enfermidades tenham mais e mais incidência. Porém, no meu ponto de vista, há um agravante MUITO maior com que se preocupar: o celular.

Desde que comecei a falar sobre tecnologia móvel, no longínquo ano de 2002, louvo a importância dos dispositivos móveis na obtenção de informação e no ganho de produtividade e conhecimento. Deixo bem claro aqui, todavia, que informação e conhecimento são coisas distintas. Uma pode estar conectada com a outra, mas nem sempre.

O fato é que nos tornamos viciados em informação, graças às redes sociais. Para muita gente, rede social e celular é praticamente a mesma coisa. Possuímos em mãos um dispositivo que no século passado nem um vencedor de Nobel sonharia existir, mas usamos menos de 1% de seu potencial.

Pego ônibus diariamente na volta da faculdade, e tudo que vejo são pessoas com o olhar vidrado rolando indefinidamente seus polegares. É por isso que os algortimos das redes sociais estão abandonando a cronologia e partindo para conteúdos que “possam interessar mais” ao usuário: a timeline se tornou infinita. Se ao invés de pegar o ônibus para ir para casa você decidir ir até Marte, o Facebook contunará fornecendo conteúdo para você rolar com o polegar até chegar no destino.

Como uma profissional de saúde da área de geriatria e também de tecnologia, peço encarecidamente aos meus leitores: forcem uma mudança radical de hábitos, em nome de sua saúde mental das próximas décadas. E eduquem seus familiares também, compartilhando esse artigo, que não é algo que as redes sociais fariam questão de disseminar… Usem aplicativos para salvar bons textos para ler mais tarde, dedicando, assim, seu posterior tempo livre a leituras mais aprofundadas. Instale e alimente um leitor de e-books qualquer. Ou, para ler notícias, adote os bons e velhos leitores de RSS.

Eu também gosto de redes sociais, mas meu tempo gasto nelas é controlado. Não foi fácil, mas atualmente consigo balancear razoavelmente bem o meu tempo. Volta e meia me “premio pelo bom comportamento” com vídeos fofos no YouTube, mas coloco alarme para não me perder.

Outro problema das redes sociais e do YouTube é que, por sugerir só coisas que você gosta ou concorda, você acaba preso em uma bolha. Por isso prefiro os leitores de RSS para me informar, pois volta e meia sou confrontada com o contraditório. Adoro como isso sempre me coloca para pensar. Nem que seja para reforçar minha convicção do porquê eu não concordar com aquilo! Acho que muito dessa guerra política que se vê nas redes sociais é culpa dessa bolha algorítmica. No campo político, em especial, sempre priorizo aqueles blogs ou articulistas que citam livros para nos forçar a adquirir profundidade em algum assunto.

Se você é consumidor hardcore de informação — aquele que vive nas rodinhas de hamsters — adote uma política mais radicial e delete as redes sociais do seu dispositivo. É que nem cortar o açúcar ou uma droga qualquer: os primeiros dias são penosos, mas você sobreviverá e até agradecerá no futuro. No futuro você poderá instalá-las novamente, mas com um uso mais comedido e racional.

Minha seleção de apps para manter sua sanidade mental em 2018

Para salvar artigos da web para ler mais tarde: Pocket ou Instapaper (iOS e Android)
Para ler e-books: Kindle, Kobo, Play Books, Aldiko, Prestige, ou próprio eBook Reader do iPhone
Leitores de RSS: Feedly e Inoreader (iOS e Android) ou Palabre (Android)

Se você usa Android, instale também o QualityTime para fazer uma espécie de auditoria do tempo gasto em seu dispositivo. Você terá surpresas…

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