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Fonte: Flicker Agência Brasília
Fonte: Flicker Agência Brasília| Foto:

Karl Marx inventou a teoria da mais-valia para condenar o lucro que as empresas auferem por conta da “exploração do trabalho”. É uma ideia sem pé nem cabeça, evidentemente (desde quando todo trabalhador é explorado? E o funcionário, que não participa dos dividendos, por acaso arcaria como o patrão com os riscos do negócio?), mas que permeia o imaginário de boa parte da população brasileira, sobretudo a que teve mais instrução formal, que pertence às classes média-alta e alta, ou que integra o funcionalismo público. Na realidade, o grosso da elite nacional é de funcionários públicos de alto escalão. Pois esse fato transformou a crença no pensamento marxista, em primeiro lugar, num destino para a nação; e em segundo lugar, numa grande ironia.
Destino, porque o brasileiro, desse modo, elegeu quase que exclusivamente políticos de esquerda, que inflaram a máquina pública de um modo insustentável, com ministérios, secretarias, órgãos e funcionários que não acabam mais – transformando o cargo público, não importa qual, não importa a vocação, no objetivo da maioria, no sonho de encaminhamento de vida que papai e mamãe desejam para seus filhos: segurança no emprego, salário acima da média da iniciativa privada, aposentadoria integral!
Ironia, porque a malfadada “elite opressora”, que suga os frutos do trabalho daqueles que produzem de verdade, tornou-se essa camada de pessoas alojadas no Estado. É só ver o motivo das atuais crises fiscais, que sucumbiram as finanças de todos os estados e municípios da nação. Quer dizer, o lucro das empresas escoa para o ralo sem fundo do erário, e ainda temos de escutar discursos que demonizam a figura do empresário como um “explorador da mais-valia”. Nem só de Joesley Batista e Marcelo Odebrecht é feito o empreendedorismo brasileiro. Muito pelo contrário! Quer conhecer o perfil da maior parte dos empreendedores do país? Leia este artigo de Ivanildo Terceiro, que elencou “6 coisas que você precisa saber antes de sair por aí falando que todo empresário é malvado”.

Hipocrisias
O fato é que muita gente ainda empunha a bandeira do serviço público e sente calafrios até quando a palavra “privatização” é mencionada. Já dei aqui uma explicação parcial do fenômeno – o sentimento de classe do funcionalismo público, inflado às alturas pelo excessivo número de cargos –, mas confesso que, em tempos de Uber, me surpreende que esse tipo de discurso ainda tenha algum apelo. Jared Meyer explica que, na realidade, todo mundo desfruta do capitalismo e da livre concorrência, mesmo que a critique.

O valor da liberdade de mercado
Para fomentar a prosperidade econômica – em todos os estratos sociais – não há nada como o capitalismo. E quem não gosta de conforto, que atire a primeira pedra. Mas a vida das pessoas não se resume à conta bancária. Se o critério da lucratividade se tornar o único a pautar escolhas, muitas coisas de valor serão jogadas no lixo. Sávio Mota dá um exemplo de banalização de um evento cultural – a maior festa de São João do mundo – que, depois de privatizado, teve sua grade de apresentações pautada por critérios mercadológicos. Ganhou-se em termos de estrutura da festa, perdeu-se em sentido. A solução para esse problema seria manter tudo na mão do Estado? É claro que não! Não há pior gestor. Isso é só um indicativo de que os problemas de ordem cultural no Brasil são muito mais graves do que os de ordem econômica.

Radicalismo liberal
João Pereira Coutinho discorre sobre a perversão do pensamento liberal: quando a liberdade se torna uma espécie de valor supremo, de imperativo categórico, e acaba transmutando-se no seu oposto. (site exige cadastro)

O grande Meira Penna e a indolência liberal
Martim Vasques da Cunha, a partir da obra de José Oswaldo de Meira Penna, um dos maiores pensadores liberais brasileiros, passeia pelas idéias que influenciaram a chamada “nova direita” do país, mostrando as limitações do liberalismo – que é também ideologia, e, portanto, uma forma enviesada de olhar para a realidade.

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