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O que aconteceu com as Ciências Humanas?
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Platão, Aristóteles, Tucídides, Ovídio, Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Duns Scot, Hugo de São Vitor, Shakespeare, Cervantes, Dante, a lista é inesgotável; da filosofia à literatura, passando pela historiografia e demais disciplinas das Ciências Humanas, isso a que chamamos “civilização ocidental” – da qual somos herdeiros, ainda que muitos rejeitem o legado – erigiu-se sobre o ombro desses (entre outros) gigantes, que nada mais fizeram do que, cada um a seu modo, investigar a realidade a respeito do homem, da sociedade, do bem e do mal, das leis universais, de Deus e sua Criação, considerando toda a complexidade das situações reais e dos dilemas humanos. Um empenho devocional é exigido daqueles que querem aprender a ler o que dizem os acontecimentos, os fenômenos, mantendo-se fiel ao que eles revelam, procurando afastar o embotamento da mente que macula a compreensão sobre as coisas como são. Aquele que se aventura no terreno acidentado das Ciências Humanas pode percorrer uma longa jornada – para a realidade ou para o engano –, mas só um autêntico amor pela verdade irá trazê-lo de volta com alguma haste de observação sobre o mundo e sobre aqueles que nele habitam. É esse amor que hoje encontramos nos professores das disciplinas de Ciências Humanas? De modo geral, nem perto disso. Em seu ofício de intelectuais e educadores, eles estão cuspindo na cara de Platão, Aristóteles e dos demais autores clássicos (em sentido amplo). Percival Puggina, neste artigo, explica por que hoje em dia professores de História são esquerdistas, e o que isso significa em termos de “interpretações da História”.

Desconstruindo o pênis
Diz o ditado que nada é tão ruim que não possa piorar. De fato, a criatividade humana, especialmente para o que não presta, é inesgotável. O fundo do poço das Ciências Humanas chegou-nos com o desconstrucionismo, de Derrida, que originalmente consistia num (anti)método de exegese de textos, mas que foi ampliado para a interpretação da realidade como um todo ao dar as mãos para a “filosofia da linguagem”. Em síntese, trata-se da abolição da objetividade. Tudo depende do ponto de vista de quem interpreta, tudo é discurso, nada é o que é. A confusão mental que se disseminou com essa forma de entender o mundo é das coisas mais patéticas que já se viu no terreno da filosofia. Erros grotescos de percepção daí decorrem: tomam uma figura de linguagem (uma metonímia, por exemplo) como a definição mesma de um objeto. O inacreditável é que essa “filosofia”, que faria uma criança de sete anos gargalhar pelo ridículo, tenha feito a cabeça de gente importante universidades mundo afora. O nonsense, por parecer muito extravagante, ganhou ares de sofisticação intelectual. O editorial da New Criterion comenta o que se vê nas universidades nos nossos dias, atentando para o fato de que o descontrucionismo já ultrapassou o terreno das ciências humanas, chegando a contaminar o feijão com arroz da física e da biologia. “O pênis conceitual como uma construção social”, recente estudo de Peter Boghossian e James Lindsay publicado numa revista científica respeitada, argumenta que “o pênis conceitual deve ser entendido não como um órgão anatômico, mas como um performativo de gênero, uma construção social altamente fluida”. É mais do que uma piada acadêmica, é um sintoma de decadência civilizacional. (texto em inglês)

Enquanto isso, no Brasil
Enquanto parte da intelectualidade do ocidente está preocupada com os rumos da civilização, dado que as universidades viraram sucata cultural, no Brasil só meia dúzia de intelectuais conservadores tocam nesse assunto, e falam com as paredes ou entre eles. Ultimamente, a grande discussão que se vê na USP, teoricamente a melhor e mais tradicional universidade do país, é sobre a adesão ao sistema de cotas. Flávio Morgenstern explica o óbvio – que por alguma razão incompreensível é sempre ignorado nesta nação – de que uma vaga numa universidade, sobretudo a financiada com dinheiro público – não é um direito para todos, nem um passaporte para subir na vida, muito menos uma forma de corrigir injustiças sociais cometidas num passado distante. Afirma: “A sociedade paga a USP não em troca de premiar seus alunos com adulações, mas para que a sociedade tenha em troca pesquisas médicas, um sistema jurídico avançado, intelectuais de respeito capazes de pensar a sociedade, a natureza, mesmo a estrutura da realidade”. É por isso que ingressar na USP tem de, necessariamente, ser difícil. É evidente que o problema que as cotas querem corrigir está no começo, e não no fim do sistema educacional.

Conselhos a um estudante de artes liberais
Aos desavisados, é bom começar informando que as artes liberais são assim chamadas não por nenhum alinhamento ideológico, mas porque são disciplinas que tornam o indivíduo livre – livre das amarras do seu mundinho interior limitado, colocando-o em contato com a História, com a sabedoria de todos os tempos, com as obras mais belas já produzidas pelo homem. Mas para educar-se pelo caminho das artes liberais, não basta sair lendo livros clássicos, escutando músicas, e visitando galerias de arte a esmo. Uma disciplina interior que conduza o sujeito para a virtude é requisito fundamental para não cair no beletrismo. Vejamos os conselhos do Padre James Schall. (texto em inglês)

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