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Covardia e falta de compaixão: o caso de Marcia Friggi
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Não passou despercebida a ironia da lamentável agressão que a professora Marcia Friggi sofreu: uma mulher que publicamente já se posicionou contra a redução da maioridade penal foi vítima de um rapaz de 15 anos. Se, por isso, ela chegou a reconsiderar seu posicionamento, isso é um problema dela. A falta de caridade daqueles que ficaram apontando o dedo para a coitada, justamente no momento em que devia estar mais fragilizada, foi mais uma coisa a se lamentar. Entre pessoas da direita, vimos uma série de comentários que sadicamente comemoravam o episódio. E isso virou notícia. Por quê? Provavelmente porque a direita – sobretudo a conservadora – reclama para si o papel de defensora da tradição, dos valores cristãos, e os comentários dessa natureza foram de uma falta de compaixão assustadora. Daí surge a importância de observar o seguinte: só porque alguém endossa um conjunto de ideias, isso não torna esse sujeito automaticamente um modelo do que essas idéias representam na prática. Trocando em miúdos, só porque alguém é cristão conservador isso não significa que a pessoa seja um excepcional exemplo de virtudes. Aliás, gente babaca há – em profusão – em qualquer grupo, igreja, agremiação, partido político etc. Disso é possível tirar duas conclusões: uma, é que ninguém precisa se escandalizar quando vê alguém “de direita” sendo idiota; e duas, é que – atenção você, cristão conservador! – só porque você é membro do Corpo de Cristo, isso não te torna magicamente um santo. Vejamos o comentário de Jorge Ferraz a respeito da repercussão da agressão.

O caos e a reação
No Brasil, o crescimento do número de pessoas que se declaram “de direita” salta aos olhos. Como disse acima, aderir a um grupo não lhe confere a autoridade dos expoentes desse grupo. Tampouco significa que toda essa gente esteja lendo Mises, Hayek, Burke, Scruton, Voegelin etc., ou seja, que entendam o pensamento liberal e o conservador. O que temos visto, na realidade, é uma grande reação ao caos que impera no país – como nunca antes na história… –, cujos principais responsáveis todo mundo está careca de saber quem são. O caos brasileiro é tão abrangente e profundo – está na economia, na segurança, na educação, na moralidade, na família, na cultura – que ninguém está a salvo dele. Quando vemos comentários do tipo “bandido bom é bandido morto”, “a professora militante de esquerda apanhou foi pouco”, e coisas do gênero, o que se revela aos nossos olhos não é a natureza da direita, mas a revolta de um povo que, além de tudo, está embrutecido pela baixeza moral que tomou conta do país. Não pode sair coisa boa disso. Não precisamos de justiceiros. Precisamos de homens e mulheres maduros que tenham a ousadia de, no país do jeitinho e da malandragem, serem virtuosos, sobretudo nas suas casas, com suas famílias, em suas comunidades. Será que o rapaz que agrediu a professora o teria feito se soubesse que seria punido? E que tipo de educação ele recebeu em casa? Mais dados sobre o jovem e a professora neste texto.

Da indisciplina à delinquência
Os problemas do sistema educacional brasileiro – um dos mais dispendiosos do mundo – não se restringem a um ensino fraco. As escolas, públicas e particulares, enfrentam problemas constantes de indisciplina, violência, desrespeito, falta de interesse por parte dos alunos. Nos dias de hoje, mandar o filho para a escola é correr o risco de que ele se torne um delinqüente. Sobre o episódio da agressão de Marcia Friggi, por tudo o que foi narrado pela professora, vemos que se trata de mais uma ocasião em que a indisciplina virou caso de polícia. Qualquer um entende isso com facilidade. Mas o jornalista de extrema-esquerda Alex Solnik quis capitalizar em cima do ocorrido: a história foi mudada, e o agressor – sob a influência do extremismo ideológico do MBL e amparado pelo Escola Sem Partido – teria socado a professora porque ela defende idéias de esquerda. Se isso fosse verdade, não vejo motivo para que Marcia Friggi tenha se calado a respeito. Eric Balbinus denuncia o descaramento de Solnik.

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