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Uma questão ressuscitada recentemente no debate público, dessa vez em virtude da mostra “Queermuseu”, foi sobre o que de fato é (ou deveria ser) arte; sobre boa e má arte. Não é o problema central sobre o qual versaram os protestos contra a exposição, mas é preciso enfrentar esse tema inconveniente para a maioria dos críticos, vez que os parâmetros que guiam a atividade artística influenciam a cultura como um todo. Robert Florczak explica no vídeo a seguir o que aconteceu com o mundo das artes plásticas desde a ruptura dos virtuosos pintores impressionistas com a Academia Francesa de Belas Artes. Se, por um lado, Monet, Degas, Renoir, e demais impressionistas, assim como outros artistas do modernismo, injetaram oxigênio no mundo das artes, relativizando a estética tradicional, por outro a maior parte deles não abriu mão de altos padrões na execução das obras, aliando a técnica à criatividade, sem sacrificar a beleza – motivo pelo qual são tão apreciadas pelo mundo todo, e de estarem a anos a luz de distância do Urinol de Duchamp e de toda a “arte conceitual” pós-moderna. (áudio em inglês)

Artistas adequadamente revolucionários
O próximo vídeo, de Paul Joseph Watson, aprofunda o tema da arte a serviço da ideologia: no meio artístico contemporâneo o que mais se vê são artistas bancando os revolucionários, mas sempre seguindo os ditames da sua patota – formada por acadêmicos, críticos, donos de galeria, financiadores bilionários, gente pedante e pretensiosa que se sente muito vanguardista por subverter novamente os padrões tradicionais da arte. Hoje, nada mais clichê que isso. Até mesmo a autenticidade e a expressão genuína – em teoria o coração da arte conceitual – cederam espaço à aprovação dos pares. O artista que não se alinha a esse modo de fazer arte está fora do grande circuito de exibição. Watson cita o livro The New Philistines, de Sohrab Ahmari, escrito não para especialistas da Academia ou insiders do mundo das artes – esses já não dão mais ouvidos ao bom senso -, mas para aqueles que estão descontentes com o panorama atual da alta cultura. Ahmari denuncia o estado de coisas no meio cultural: a arte não precisa mais ser esteticamente agradável, não precisa expressar com sinceridade os meandros da alma humana, não requer habilidade artística, talento e dedicação para ser criada, basta passar pelo filtro dos bravos combatentes da “justiça social”, ou seja, deve servir de statement contra algo que seja tradicional ou tipicamente burguês, e pronto! – já está apta a cair no gosto dos especialistas. Antes da arte pós-moderna, somente entre os artistas soviéticos do realismo socialista se viu tamanho espírito de rebanho. (áudio em inglês)

Nazistas e conservadores não têm a mesma visão de mundo, nem nas artes
Diversos comentaristas da mídia fizeram um paralelo entre os protestos contra o Queermuseu e a forma como os nazistas tratavam a arte durante o Terceiro Reich. A comparação é descabida por diversas razões. A primeira e mais óbvia é a diferença de poder no primeiro e no segundo caso: de um lado, um protesto de parte da população (cristãos, conservadores, liberais, e mesmo pessoas sem nenhum tipo de alinhamento ideológico), que eclodiu espontaneamente via redes sociais, e que depois foi capitaneado por membros do MBL, grupo majoritariamente fora do establishment político, que não pode fazer nada além de barulho; do outro, os próprios integrantes do governo nazista decidindo por todos o que era apropriado e o que não era em matéria de arte. A segunda é a seguinte: amantes das Belas Artes que apreciam os grandes mestres, a beleza e o significado das obras, e sabem a diferença ontológica que há entre o Urinol de Duchamp e o Davi de Michelangelo, provavelmente jamais se entusiasmariam com a arte nazista. Assim como o realismo socialista foi o movimento artístico dos soviéticos, o kitsch foi o movimento artístico dos nazistas. O que eles têm em comum? A cafonice. O kitsch é o pai dos pinguins de geladeira, dos anões de jardim, dos bibelôs de estante. E mais: você não vai encontrar entusiastas do kitsch entre amantes da alta cultura. São coisas bem diferentes. Kitsch é modinha hoje entre gente descolada, não entre conservadores. É bom esclarecer para evitar confusões. Agora, vejamos o que disse Victor Grinbaum sobre a notável qualidade artística da exposição Queermuseu, e mais algumas notas sobre arte moderna em contraposição à visão de Roger Scruton sobre o tema.

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