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A Virada Cultural combina com o centro histórico?
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A Virada Cultural de 2012 em Curitiba está programada para os dias 10 e 11 de novembro. Ainda não há programação oficial, mas uma coisa é certa: o evento vai fazer a alegria de muita gente, assim como causará prejuízo e desgosto para outras tantas pessoas.

Antonio More/Gazeta do Povo
Prédios históricos sofrem vandalismo durante aglomerações.

Está um pouco cedo para falar sobre a Virada deste ano e muito tarde para falar sobre a edição de 2011. Mas o assunto veio à tona na semana passada, quando circulei pela região central para fazer uma reportagem. Perguntei a moradores, comerciantes, estudantes, trabalhadores e turistas o que eles achavam sobre o centro de Curitiba, e o que precisa ser feito para melhorá-lo. O resultado está na série Voz da Cidade desta semana e também será assunto deste blog nas próximas semanas.

Alguns comerciantes do Largo da Ordem são contrários à realização de um evento do porte da Virada Cultural no centro histórico de Curitiba. O problema para eles não é a festa em si, mas o vandalismo e a bandalheira que vêm junto com a aglomeração.

Claudiney Belgamo, 52 anos, proprietário da galeria de arte Antichità, conta que fecha a loja no fim de semana do evento. A galeria fica dentro das Arcadas do São Francisco, bem nas Ruínas, onde também ocorrem shows.

“No ano passado invadiram os casarões históricos, quebraram telhas, vidros, mancharam as paredes com vinho, picharam. A gente tem que fechar as portas, sem vender, mas o prejuízo maior vai ver na segunda-feira, com toda a sujeira que fica”, relata Belgamo. Segundo ele, o poder público não oferece segurança suficiente. “Não sou contra o show, mas há um preconceito. Lá no Paço fizeram shows voltados para a família, e aqui no Largo há rock pesado, durante a madrugada. Como segurar esse pessoal que bebe a noite inteira?”, questiona.

Para Belgamo, a Virada Cultural poderia ser feita na Pedreira Paulo Leminski, onde não há imóveis históricos, ou em locais onde a segurança fosse garantida. “Quando estragam o imóvel histórico, o proprietário tem que arrumar, deixar bonitinho, ou leva uma multa, tem que tirar dinheiro do bolso. Mas é só ver as Arcadas do São Francisco, a pintura está toda diferente, porque a prefeitura não deixa arrumado como deveria ficar.”

Divulgação/Corrente Cultural
Público em show no Paço: tanto respeito que ninguém pisa na grama.

A Virada Cultural é uma delícia justamente por colocar uma multidão – a grande maioria gente do bem, que nem se atreve a pisar no gramado do Paço Municipal – no centro, nos lugares que geralmente a gente passa com pressa. O colega Luiz Claudio Oliveira fez um ótimo texto a respeito disso.

Mas a felicidade geral da nação curitibana não pode significar tragédia para o Largo da Ordem.

O que fazer? Conseguimos conscientizar todos os frequentadores a agirem civilizadamente? Bom, colocar uma tropa do Exército para garantir a segurança não dá. Seria interessante mudar o evento de local?

Uma opção, que não anula as demais soluções, seria reservar uma fatia do orçamento da Virada Cultural para a limpeza dos espaços públicos e privados que sofrerem vandalismo – que precisa ser coibido, não só na Virada, mas sempre.

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