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Papagaio-de-cara-roxa vítima de caça ilegal apreendido em área de ocorrência do bioma Mata Atlântica (Foto: Roberta Boss
Papagaio-de-cara-roxa vítima de caça ilegal apreendido em área de ocorrência do bioma Mata Atlântica (Foto: Roberta Boss| Foto:

A Mata Atlântica é um dos biomas com maior biodiversidade do mundo. Estima-se que o bioma sirva de abrigo para mais de 2 mil espécies de fauna, entre mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios.  Das 633 espécies de fauna ameaçadas de extinção no país, 60% são endêmicas da Mata Atlântica. A manutenção de áreas naturais do bioma, além de garantir a preservação desses animais, possibilita o desenvolvimento de atividades de ecoturismo e pesquisas científicas, que geram renda e empregos com mínimo impacto ao meio ambiente. Entretanto toda essa riqueza sofre com constantes ameaças de atividades ilegais como a caça.

O Paraná foi o primeiro estado a promulgar uma lei de proteção da fauna ameaçada de extinção, a Lei 11.067/95. Em nível federal, a Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/98 proíbe toda atividade de captura e caça de animais silvestres, nativos ou em rota migratória. No mesmo sentido, em 2008, o Governo Federal publicou o Decreto nº 6.660, que também proíbe qualquer atividade que coloque em risco as espécies de fauna e flora, especialmente as da Mata Atlântica. Apesar disso, registros de caça ilegal ainda são comuns e colocam em risco a existência de muitas espécies e, consequentemente, o equilíbrio do meio ambiente.

A situação é tão grave que alguns pesquisadores já têm chamado de “defaunação” o processo que está conduzindo ao esvaziamento da fauna de áreas naturais. Segundo dados do Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb), as principais motivações para a caça são alimentação e tráfico ilegal de animais.

Algumas das espécies mais afetadas pela caça e pela perda de florestas são grandes mamíferos, como a anta, o queixada, o macaco muriqui, a onça-pintada e o puma; além de aves como a jacutinga e o papagaio-de-cara-roxa, que geralmente precisam de grandes áreas naturais preservadas para sobreviver. “A ausência desses animais pode comprometer a estrutura e função dos ecossistemas. Por esse motivo demandam esforços maiores para sua conservação e de seus habitats naturais”, explica o biólogo Roberto Fusco.

No entanto, não são apenas os grandes animais que dependem de ambientes bem conservados. “Os polinizadores, a exemplo das abelhas e outros insetos, estão ameaçados de extinção. A redução do número desses animais é um risco inclusive para a produção agrícola”, esclarece o biólogo Felipe do Vale, técnico da SPVS.

Mas nem tudo é má notícia no combate à caça: organizações do terceiro setor, empresas, universidades e pessoas físicas trabalham em conjunto pela manutenção de áreas de conservação e pela proteção de espécies nativas. A união desses esforços permitiu o registro de uma onça-pintada (Panthera onca) nos arredores da área de preservação do Parque Nacional do Iguaçu. No começo do ano, uma armadilha fotográfica filmou um exemplar da espécie, fortemente afetada pela caça predatória e classificada como “ameaçada de extinção” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Não havia registro da espécie na região desde a década de 80.

O papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) também tem resistido à caça, saindo da categoria “vulnerável” para “quase ameaçado” na Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção em 2014. O trabalho de educação para a conservação da natureza, conscientização dos cidadãos e monitoramento da espécie e das áreas de sua ocorrência, realizado pela SPVS desde 1998, contribuiu para os resultados positivos alcançados nos últimos anos.

 

*Artigo escrito pela equipe da OSC Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS, parceira do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.

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