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(Imagem: Divulgação)

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O mundo civilizado passou a discutir o desenvolvimento sustentável a partir de 1972 quando o tema foi considerado, de forma indireta, na Conferência da Organização das Nações Unidas, realizada em Estocolmo, na Suécia, na qual pela primeira vez se demonstrava, oficialmente, preocupação com a relação entre homem e meio ambiente de maneira categórica. Daquela época até os dias atuais diversos outros encontros globais foram realizados, a conscientização sobre a economia verde e inclusiva foi ampliada, novas leis regionais e globais foram escritas, passamos pela experiência e aprendizado dos importantes ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), atingindo, por fim, o compromisso global com a Agenda 2030 a qual institui metas para se atingir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Em paralelo à maior conscientização sobre o desenvolvimento sustentável o mesmo mundo promoveu e exigiu a intensificação da inovação no desenvolvimento socioeconômico de distintas regiões da Terra, garantindo transformações no contexto produtivo, tecnológico, social e institucional as quais geraram, também, inevitavelmente, maiores diferenças entre o desenvolvimento dos países e, mesmo, em regiões distintas de uma mesma nação.

Certamente a inovação se transformou em importante meio para, de um lado, garantir a melhoria da eficiência e da capacidade competitiva dos países e, de outro, para o desenvolvimento tecnológico regional mediante o aprimoramento de expertises regionais herdadas do passado ou que evoluíram pela busca constante, dinâmica e articulada da competitividade na economia global. Algumas nações desenvolvem capacidades de inovação associadas à elevada densidade técnica centrada na competitividade e assim se permitiram cumprir o significado da inovação enquanto ação que chega ao mercado para comercializar novos ou melhorados produtos ou para garantir a primeira utilização de novos ou melhorados processos.

Felizmente, entretanto, constata-se que a ideia do desenvolvimento sustentável e a inovação se encontram fortemente relacionados na Agenda 2030 uma vez que dez dos ODS relacionam-se com a inovação, tomando o desenvolvimento da tecnologia como necessário e imprescindível na maioria das vezes. Todavia, o ODS 9 explicita a inovação como fundamental ao enunciar que pretende “Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação”. A inovação é tomada, então, como uma das bases para o desenvolvimento sustentável.

Temos na inovação a possibilidade de promovermos uma significativa transformação econômica baseada na sustentabilidade dos padrões de produção e consumo, obrigando, necessariamente, o uso mais eficiente e eficaz dos recursos disponíveis. Na via da inovação, conduzido pela máxima de gerar “mais com menos”, será possível revolucionar, também, a educação, as engenharias e, de forma geral, a produção e a disseminação do conhecimento e do saber útil no mundo por intermédio, por exemplo, das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). As pesquisas associadas à inovação haverão de possibilitar a ampliação da produção da energia limpa e sua consequente distribuição global para todos os países (sejam eles desenvolvidos ou não). Com a força da inovação, a produção de alimentos será ampliada ao mesmo tempo que será possibilitado promover maior segurança alimentar e diminuir os riscos advindos das mudanças do clima.

A associação da inovação com a sustentabilidade obrigará repensar os atuais modelos de transferência de tecnologia entre as nações ricas e as demais nações, principalmente com aquelas em desenvolvimento. Para a operacionalização da transferência de tecnologias foram pensados um banco de tecnologias e um correspondente “mecanismo” que permita facilitar a criação de novas ou inovadoras competências que solicitarão a colaboração próxima entre os distintos setores das sociedades mundiais.

O Brasil, por sua vez, já vem se destacando no cenário mundial com suas experiências inovadoras para atingir o desenvolvimento sustentável. A partir de ações conjuntas entre governo, empresas, sociedade civil e academia, nos últimos quinze anos, o Brasil conseguiu atingir várias metas dos ODM, experiência esta que, certamente, contribuirá para atingir os ODS.

Grande parte do mérito em referência está centrado na ideia da “municipalização” dos correspondentes trabalhos e responsabilidades. Foi por intermédio do Programa Cidades Sustentáveis que os gestores públicos municipais brasileiros passaram a receber diretrizes para se atingir a sustentabilidade e a conhecer exemplos de boas práticas, nacionais ou internacionais, no sentido de se atingir o desenvolvimento sustentável. O referido programa tem por objetivo a sensibilização e a mobilização das cidades brasileiras para que estas se desenvolvam de forma econômica, social e ambientalmente sustentável.

Todavia, seja no Brasil ou no mundo, as fronteiras ainda estão muito distantes quando se objetiva trabalhos conjuntos entre inovação e desenvolvimento sustentável de forma global. Um aprendizado deverá ser iniciado categoricamente para atingirmos tanto o ODS 9 quanto as demais metas e objetivos da Agenda 2030.

*Artigo escrito por Carlos Magno Corrêa Dias, professor na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e coordenador do Núcleo de Instituições de Ensino Superior (NIES) do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.

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