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(Foto: Zig Koch)
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(Foto: Zig Koch)

(Foto: Zig Koch)

A cena já é parte do cotidiano de qualquer cidade e estressa muitos cidadãos: são os atuais trabalhadores da “jardinagem moderna” munidos de todo o tipo de equipamento de alta sofisticação. Eles realizam serviços a partir de preços compatíveis com a tecnologia empregada, ou seja, tanto mais caro quanto mais instrumentos forem aportados, vendendo serviços aos que entendem ser esse um diferencial positivo.

Ao invés dos tradicionais métodos de cultivar canteiros, aparar a grama, podar árvores e varrer, todos eles originalmente silenciosos e que demandam uma mão de obra experiente, hoje são empregadas técnicas que deixaram de lado o esforço físico e a qualidade do trabalho manual para impor uma condição de rapidez e agilidade a partir da utilização de máquinas irritantemente barulhentas – e, ainda por cima, movidas a combustível fóssil.

Curioso admitir que apesar do som ensurdecedor, que atrapalha toda uma vizinhança que nada tem a ver com o jardim alheio, a atividade é valorizada pelo contratante, que além de receber um serviço de pior qualidade, causa grande desconforto aos que estiverem próximos.

O difícil é identificar quem das duas partes envolvidas é a mais incoerente: o executor ou o que paga o serviço. Mas, sem nenhuma dúvida, ambos são responsáveis pela perturbação causada levianamente a quem não tem nada a ver com isso. Uma atividade que pode ser comparada pela propaganda com alto falantes nas ruas, o que no caso de Curitiba, é terminantemente proibida. No caso específico, permanecendo no mesmo local muitas vezes por horas seguidas.

Está em cheque a nobreza do trabalho do jardineiro, seus conhecimentos sobre as plantas e suas técnicas de manter espaços numa condição esteticamente agradável e com condições de manter ambientes agradáveis, com hortas, espaços com espécies nativas, introduzidas no local a partir da dispersão das aves e de outros animais. Além de um sem número de outras aptidões que costumeiramente eram designadas a esse tipo de atividade.

Na prática, esse profissional convencional praticamente deixou de existir, com exceções honrosas de alguns empreendedores isolados que apostam no mercado inverso à truculência das máquinas, do barulho além dos limites e da baixa qualidade de um trabalho, que troca o detalhe e a minúcia, pelo rolo compressor que transforma jardins em espaços sem alma.

É lamentável que o poder público admita passivamente que o mercado se comporte com essa tendência sem sentido e que tanto impacto causa a sua vizinhança. Que o mau serviço e a consequente degradação dos jardins não sejam percebidos pelos próprios proprietários. E que esses empresários do ramo da jardinagem se entreguem tão passivamente à diminuição em todos os sentidos de suas aptidões.

Para o bem-estar de todos, que os jardineiros modernos e insensíveis, que perturbam o próximo e que perderam as verdadeiras habilidades da boa jardinagem, deem lugar a trabalhadores interessados na verdadeira manutenção de jardins inteligentes, repletos de espécies nativas, frutíferas e ornamentais, cultivados a partir de procedimentos tradicionais e que não enlouquecem o resto da população com um incômodo dispensável.

*Este artigo foi escrito por Clóvis Borges, diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS, parceira do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.

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