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As áreas educacionais e intelectuais estão se tornando perigosamente insustentáveis em uma das suas mais importantes finalidades, a produção e manutenção de conhecimento. Se entendermos sustentabilidade como a capacidade de um sistema produzir mais recursos do que consome, ou pelo menos os recursos que consome, vivemos um tempo em que o número de ideias criadas é cada vez mais reduzido face ao número de ideias “consumidas”.

Em termos absolutos nunca se produziu tanto conhecimento quanto em nossos dias, quando as informações circulam na velocidade da luz, mas, dada a imensa massa crítica existente (incluindo todas as pessoas com acesso à educação em qualquer nível), a quantidade relativa é pífia.

O que se entende como produção intelectual não passa, às vezes, de processo “copia e cola”, aplicado a trabalhos escolares, tarefas profissionais, e até mesmo dissertações de mestrado. O preocupante disso, além da óbvia ilegalidade do plágio, é que os textos copiados geralmente não são entendidos ou processados, talvez sequer lidos com atenção.

A população mundial conta-se em bilhões, porém a quantidade de pessoas que realmente está gerando ideias novas está em torno de poucos milhões, e isso causa um débito criativo que pode comprometer o “DNA” do pensamento da humanidade.

A falta de diversidade de genes, ideias, ideologias, pensamentos, pessoas, tende a produzir fragilidade. É conhecido o drama por que passam os guepardos, que em certa época foram praticamente dizimados, reduzindo-se a poucas dezenas de indivíduos, a consanguinidade resultante enfraqueceu suas defesas e esses felinos estão hoje ameaçados de extinção por doenças genéticas.

A “consanguinidade intelectual”, em que apenas ideias vinculadas a algumas matrizes ideológicas ou tecnicistas “selecionadas” circulam, alimentando-se e realimentando-se de si mesmas, com quase nenhuma inovação real e muitas reapresentações em novas roupagens, é uma realidade perturbadora que ameaça o próprio conceito de Universidade: universalidade do saber, vinculada ao ensino, à pesquisa e à extensão. Um dos importantes suportes deste tripé, a pesquisa, sofre do mal terrível do dirigismo, raramente se pesquisa para descobrir algo novo, e sim para provar princípios já determinados ou encobrir conclusões que os contrariem.  

O potencial criativo da humanidade é praticamente inesgotável, em poucos milênios nos trouxe das cavernas às cidades, à informática, ao espaço sideral; e infelizmente pode nos levar à destruição se um número relativamente pequeno de indivíduos pensantes for produtor de conhecimento para todos os demais, acarretando o risco do pensamento único, da verdade única, do mundo em que a maioria da população será de meros consumidores de recursos, produtos e ideias. Até que não existam recursos, produtos e ideias suficientes, o que parece já ter começado a acontecer.

A esperança reside na educação, é nas escolas que o nó criativo pode ser desatado ou não será em lugar algum, cabe aos educadores ouvir seus alunos, dar-lhes estímulos para pensar, motivá-los sempre. Mas, considerando as habilidades de aprendizagem, há basicamente três tipos de alunos: o infradotado, o que se convencionou denominar “normal”, e o superdotado.

As escolas, com algumas honrosas exceções, têm fracassado em lidar com todos eles. Por falta de recursos materiais ou pedagógicos, além de restrito número de profissionais especializados na área, instruem pouco os infradotados, meramente os incluindo no convívio social, sem possibilitar que atinjam o melhor de seu potencial; dão aos “normais” um tratamento protocolar que exige deles repetição e memorização, com pequeno significado para seu real desenvolvimento; e os superdotados permanecem em um limbo educacional, muitas vezes sem sequer distingui-los dos hiperativos.

Uma bela canção popular diz: “vamos precisar de toda gente, um mais um é sempre mais que dois”; o mundo precisa de todas as ideias, de toda a diversidade que possa produzir. Apenas a soma de conhecimentos, o embate de pontos de vista, a discussão aberta, pode fortalecer a “genética” das ideias, criando inovação com imunidade às doenças do totalitarismo, dos preconceitos, do racismo, do sexismo.

*Artigo escrito por Wanda Camargo, professora do Centro Universitário UniBrasil, que é uma instituição associada ao Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.  

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