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(Foto: Divulgação/ SPVS e Tetra Pak)
(Foto: Divulgação/ SPVS e Tetra Pak)| Foto:
(Foto: Divulgação/ SPVS e Tetra Pak)

(Foto: Divulgação/ SPVS e Tetra Pak)

Em 11 de setembro, o Dia do Cerrado foi comemorado. O bioma, considerado a segunda maior formação vegetal da América do Sul, ocupa um quarto do território brasileiro e é conhecido por apresentar diferentes tipos de vegetação. É caracterizado pela presença de árvores baixas, retorcidas e com casca grossa.  Mesmo estando presente em 13 estados brasileiros, totalizando mais de 200 milhões de hectares de área, abrigando cerca de 10 mil espécies vegetais, mais de 800 aves e 190 mamíferos, pesquisas revelam que, por conta da atividade agropecuária crescente, o Cerrado vem sendo prejudicado. Estima-se que a vegetação nativa tenha sido reduzida em, aproximadamente, 20% do tamanho original. 

Lobo-guará 

Um dos animais que depende do ecossistema para sobreviver é o Lobo-guará. Considerado o maior canídeo da América do Sul – podendo atingir até um metro de altura e pesar 30 quilos – a espécie está ameaçada de extinção. A fragmentação do bioma faz com que os lobos precisem deixar refúgios de matas em busca de alimento e, ao cruzarem estradas, muitas vezes terminam como vítimas de automóveis ou caçadores.

Para contribuir com a conservação da espécie, o biólogo Jean Pierre Santos, um dos apoiados pelo programa E-CONS (http://www.programaecons.org.br/) (Empreendedores da Conservação), desenvolve desde 2004, na região do Parque Nacional da Serra da Canastra, sudoeste de Minas Gerais, um trabalho de conscientização com os moradores da região sobre a importância do mamífero. O projeto faz parte do programa de conservação do Lobo-guará, da ONG Pró-Carnívoros, e é coordenado pelo biólogo e pesquisador, Rogério Cunha de Paula, do Centro de Pesquisa para a Conservação de Mamíferos Carnívoros, do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

Em 2004, Jean desenvolveu um sistema de galinheiros “à prova de lobo” para amenizar conflitos entre a espécie e o desenvolvimento econômico do entorno do parque. Isso porque o animal, de hábitos carnívoros, costumava atacar galinhas, normalmente criadas soltas em terreiros de fácil acesso para ele. Os produtores, por sua vez, viam na eliminação do predador a solução para acabar com o problema. Desejando retirar a espécie da lista de animais ameaçados de extinção, Jean desenvolveu galinheiros modelo para prender as galinhas, evitando que os lobos continuassem sendo alvos constantes dos ataques.

O apoio à iniciativa foi ainda mais intensificado em 2012, graças à parceria com a empresa Tetra Pak, que passou a oferecer placas produzidas com embalagens recicladas para contribuir com a construção dos galinheiros. Desde o início da parceria, mais de 100 novas estruturas foram construídas e, em virtude disso, a caça ao lobo foi significativamente amenizada.

Educação Ambiental 

Com o apoio do Programa E-CONS, Jean conseguiu melhorar o relacionamento com os proprietários das áreas rurais próximas e proteger 46 lobos, uma conquista bastante significativa. Na década de 1970, a primeira contagem da espécie na região foi feita por um pesquisador norte americano, coincidentemente, na mesma época da desapropriação de terras para a criação do parque. O levantamento do período indicou a presença de 12 lobos. Hoje são mais de 60 – a maior concentração da espécie em toda a América do Sul.

Jean também investiu em ações de educação ambiental criando, em 2005, um programa nas cidades e áreas rurais com três preocupações educativas. Ele interagiu com a comunidade buscando compreender a cultura, as relações com a natureza e com o parque nacional que mantinham, desenvolveu oficinas nas escolas para abordar temas ambientais e, por fim, iniciou a veiculação de filmes sobre a importância da espécie nas comunidades. A atividade ficou conhecida como “Cine Lobo” e atualmente o projeto é uma das iniciativas da campanha “Sou Amigo do Lobo”, que busca difundir a adultos e crianças informações sobre a importância da relação harmoniosa com o animal na Serra da Canastra e em todo o Brasil.

Em julho deste ano, Jean levou a proposta do galinheiro modelo a uma escola da comunidade de Buracas, que fica a cerca de 40 quilômetros de São Roque de Minas, em Minas Gerais. Uma estrutura foi instalada na Escola Municipal Clementino Leite para que as crianças compreendam a função do trabalho de conservação e sejam sensibilizadas para o assunto. A diretora Maria Helena Pereira Rodrigues conta que percebeu um grande apoio da comunidade. “Além de mostrar a importância da reciclagem e do cuidado com o meio ambiente e os animais, a estrutura foi capaz de comprovar que o convívio entre homem e animais silvestres é perfeitamente possível”, comenta.

Geová Chagas da Costa é professor da escola e diz que o galinheiro modelo também reforçou a qualidade da merenda oferecida às crianças. Confinadas, as galinhas ficam protegidas de intempéries climáticas, doenças e aumentam a produtividade de ovos. “Agora podemos oferecer aos alunos outras opções, como omeletes, pão de queijo e arroz com galinha, que eles adoram”, conclui.

*Artigo escrito pela equipe da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS, parceira do Instituto GRPCOM no Blog Giro Sustentável.

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