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Uma das diferenças que mais me chama a atenção entre o homem e os animais está no fato de que estes se adaptam à natureza, ao passo que o homem, dado à sua natureza frágil, carece transformá-la de forma a prover, constantemente, sua existência.

A relação entre homem, trabalho e educação, apresentada pelo prof. Saviani, é extremamente propícia e atual, pois, o que deveria ser o curso “natural” da evolução histórica – a inovação tecnológica, acaba por frustrar seu objetivo primário – o de liberar o ser humano do trabalho braçal, permitindo-lhe concentrar-se em ações intelectuais, dispor de mais tempo para si e os seus, vivendo em harmonia dentro de seu ecossistema.

Seguindo esta lógica, deveríamos ter sociedades usufruindo de um mínimo necessário ao bem-estar, à saúde e ao lazer. No entanto, não é isto que observamos.

As diferenças são de tal magnitude que o próprio desenvolvimento humano é colocado em cheque. Neste sentido, a Organização das Nações Unidas – ONU, ciente da importância do tema e com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção, lançou o Pacto Global. Uma iniciativa voluntária que visa fornecer diretrizes para a promoção do crescimento sustentável e da cidadania por meio de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras.

Com esta preocupação, o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), participante do Pacto Global, promove ações de debates entre professores, conselheiros, empresários e demais atores sociais com a finalidade de difundir os 10 princípios que norteiam o Pacto Global, e também promover a incorporação destas ações no cotidiano dos diversos segmentos sociais.

No bojo destas discussões emerge o questionamento: “o que é Desenvolvimento Sustentável?”. Embora tenhamos um consenso na definição de que é “o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”, na prática não é isto que observamos. A sociedade de consumo que desloca o objetivo central do “SER” para o “TER” trabalha com a lógica do produzir de forma contínua, afinal, com escala obtemos várias vantagens (menores preços, maior quantidade de bens, maior quantidade de recursos empregados, mais renda). E, assim, segue a humanidade, produzindo, consumindo, descartando para poder consumir novamente. Isto não seria problema se todos tivessem acesso a um mínimo indispensável para suprir as necessidades básicas que sustentam a vida. Contudo, temos concentração de renda, dificuldade de acesso à educação, saúde, e outros bens públicos.

A forma com que nossa atual sociedade – concebida como ‘moderna’ – está organizada, nos coloca à margem do desenvolvimento sustentável. Não atendemos, de forma adequada, aos 5R’s da Sustentabilidade, que são: Repensar a necessidade da aquisição; Recusar produtos embalados em formas inapropriadas e geradoras de resíduos; Reduzir o consumo, buscando produtos que tenham um ciclo de vida de maior duração; Reutilizar produtos, oportunizando novos usos ou que outras pessoas também possam usá-los e, por fim, mas não menos importante, Reciclar produtos de forma a economizar energia, fatores de produção e diminuir a produção de resíduos.

E, quando falamos em economizar, nos referimos ao principal fator, o qual inovação tecnológica alguma conseguiu reproduzir, qual seja – O TEMPO. Este ‘senhor dos destinos’ que, embora nos pareça infinito, escorre com nosso suor, esvai-se sem opção de entesouramento. E mais, não é recusável ou reduzível, nem tampouco reutilizável ou reciclável.

Muitas vezes buscamos entesourar recursos, imaginando que estes nos trarão alegria e felicidade e, quem sabe, mais tempo. Ledo engano, pois a alegria e a felicidade estão nos detalhes do trajeto e não no destino. Estão sim, atreladas ao tempo. Quando compramos, não utilizamos dinheiro, mas sim o tempo gasto tanto na produção do objeto quanto na obtenção do dinheiro para adquiri-lo. O tempo é um ‘deus’ que não se deixa aprisionar, ele é o senhor.

Por estarmos no período que antecede as comemorações de final de ano, de fechamento de ciclos, de preparação para um novo período, faço um convite:

Seja um presente na sua vida e na vida dos que lhe são caros, gaste seu tempo em momentos que a memória fará uso e reuso, que a alegria será reciclada infinitamente, e a felicidade será renovada todas as vezes que aqueles que você ama precise obter bens de consumo.

Só assim estaremos coerentes com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS. Assim, transformando a nós mesmos, poderemos ser a mudança que desejamos para o mundo.

Boas Festas e que suas aquisições para o Natal e o Novo Ano incluam mais tempo dedicado ao que definitivamente importa: a vida em comunhão com a generosidade que a natureza gasta para prover nosso bem viver.

*Artigo escrito pela economista Angela Broch (angelab@santacruz.com), coordenadora de curso das Faculdades Integradas Santa Cruz, parceira e colaboradora voluntária do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.

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