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(Imagem: Divulgação)

Sou analista de projetos há cerca de um ano, data na qual entrei de cabeça no Terceiro Setor. Da minha experiência como aluna de comunicação social, tinha ouvido muito falar do 3º setor devido ao viés de responsabilidade social ostentado pela minha profissão – Relações Públicas, mas o contato mais profundo até então havia sido com ações pontuais de voluntariado e coleta de doações. Desde que iniciei minha atuação na área de projetos em ONG’s percebi a forma peculiar que o setor tem em lidar com questões relacionadas à gestão: pouca profissionalização, sim, porém um nível de profissionalismo tão alto como poucas empresas há muito consolidadas conseguem alcançar.

Por tudo isso deixo aqui um breve depoimento. Há alguns meses, fui incumbida de executar um projeto que estava em fase de modelagem, mas cujo nome me chamou muita atenção: o Projeto Gestão Global. Consiste numa bateria de capacitações coletivas que circundam o tema “gestão”, levando a cabo alguns temas presentes no cotidiano das instituições, tais como Empreendedorismo e Inovação, Novas formas de Captação e Gestão da Cultura Organizacional. Por ser formada em comunicação, sabia que seria um imenso desafio vencer minhas próprias limitações no assunto e conseguir trazer novas informações, ideias e exemplos que viessem a influenciar o dia-a-dia do público alvo do projeto. Sabia também que, se eu sucedesse nessa tarefa, poderia realmente agregar àqueles que participaram, gerando o tão sonhado impacto social que buscamos diariamente aqui na Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID Brasil). Mas o que vivi durante a realização desse projeto superou qualquer expectativa.

Foram 12 instituições participantes dessa empreitada, que disponibilizaram horas de sua semana para se reunir e discutir temas importantes para seu funcionamento, mas mais que isso, vieram construir coletivamente o sonho do terceiro setor em crescer e se tornar sustentável – inclusive buscando romper com o pensamento assistencialista que muitos ainda têm e que não contribui com as ambições de organizações que tem um potencial incrível de andar com as próprias pernas e voar com as próprias asas. Durante as tardes de curso, eu e “minha turma” crescemos juntos, debatemos muito, aprendemos mutuamente e, acima de tudo, nos reconhecemos como um grupo, uma união cujas aspirações, temores e alegrias são muito semelhantes, por lutarmos por uma causa em comum. Reconheci nas pessoas que me acompanharam uma rara resiliência, uma força de vontade para se desenvolver e crescer, aquele sentimento intangível que só quem trabalha pelos outros é capaz de identificar.

Isso me fez pensar em quanto as organizações alcançariam se tivessem oportunidades de formação e troca de ideias mais frequentes. Pouquíssimas diretoras possuíam alguma graduação na área de administração e gestão. Mas isso que muitas vezes é pré-requisito quando estamos falando em 1º e 2º setores – não as impede de realizar projetos grandiosos, salvar vidas e alcançar o verdadeiro impacto. Quando nos reconhecemos como um grupo, percebemos a força que tem o terceiro setor, a verdadeira engrenagem social do meio em que vivemos. Precisamos de apoio, sim, mas não de assistencialismo. Assumir um posicionamento ambicioso e empreendedor não nos faz menos terceiro setor, mas nos faz mais fortes.

Por isso gostaria de finalizar com um agradecimento às instituições que fizeram com que esse projeto fosse o que ele foi. Gostaria, ainda, de convocar as lideranças de outras tantas instituições que aí estão, salvando, cuidando, transformando o mundo em que meus filhos viverão: vamos trocar! Trocar práticas, formar redes, ser apoio àquelas que estão pelejando nesse ambiente muitas vezes inóspito que é a luta pela qual atuamos. As vezes quem enxergamos como concorrentes tem muito a nos agregar. O setor só tem a ganhar, e a experiência, eu juro, é inesquecível.

*Artigo escrito por Isadora Maia. Graduada em Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas, pela Universidade Federal do Paraná, cursou Fotografia no Centro Europeu e atendeu a cursos na área de Marketing. Atua como consultora sênior de projetos na ASID Brasil (Ação Social para Igualdade das Diferenças), ONG que trabalha para aprimorar a gestão das escolas gratuitas de educação especial, resultando na abertura de vagas e melhoria da qualidade de ensino. A ASID colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

 **Quer saber mais sobre cidadania, responsabilidade social, sustentabilidade e terceiro setor? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom, Twitter: @InstitutoGRPCOM e Instagram: instagram.com/institutogrpcom

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