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Do desconhecido da esquina à faculdade, escuto semanalmente o clichê sobre o quão pouco um profissional da comunicação ganha. Sem perguntar nada, eu e tantos outros somos obrigados a ouvir despejos de frustrações alheias. Mas, pior do que trocar uma conversa malsucedida com alguém (pouco entendido) leigo, é fazer parte de “diálogos” (“conversas”) – que se aparecem mais com discursos, cheios de verbos no imperativo – em que falas sem sentido algum são pronunciadas e empurradas pela goela abaixo.

Acontece que eu acredito em uma sociedade em que as pessoas não precisam escolher uma profissão para ficarem milionárias. Até alguns anos, eu escutava que o direito era o curso da época. Faça e rico será. Pegue o diploma e feliz se tornará. Hoje, vejo inúmeros casos de advogados desempregados ou ganhando menos que uma pessoa sem ensino superior. Espera aí. Cadê a felicidade? Onde fica o tal discurso que uma mina de dinheiro irá até o profissional? E você que escolheu direito por dinheiro, o que vai fazer agora?

As escolhas pessoais e profissionais possuem muitas variáveis e, com certeza, são particulares. Alguns são felizes apenas com o dinheiro. Mas, e aí: por que temos tantos profissionais ruins no mercado? Por que temos tantas pessoas mal-humoradas em seus postos de trabalho? Por que temos tantos especialistas frustrados? Por que temos tantos trabalhadores não levando a profissão a sério? Por que vemos médicos (vistos como os seres do dinheiro) tratando pacientes extremamente mal? Por que vemos profissionais da saúde não fazendo questão de salvar vidas? Ou esse não é o sentido da profissão?

Sem desmerecimento, sem julgamento; será que se todos escolhessem a profissão com amor e afinidade, a sociedade não seria melhor? Hoje as pessoas adoecem por estresse. Vivem tristes e amarguradas, infelizes com a própria vida. Vemos muitos casos de profissionais descontentes com a carreira profissional. E por que não recomeçar? Por que não tomar um rumo diferente? Por que não abolir essa carreira em que se pronuncia aos outros o que ganha ou não dinheiro? Por que temos pessoas tão bem qualificadas e tão frustradas repassando o mesmo discurso? Eu não quero pessoas me dizendo o que eu devo ou não fazer para ganhar dinheiro. Eu não quero pessoas dizendo qual curso eu preciso escolher. E, acima de tudo, eu não quero professores dizendo em suas aulas que aquilo é uma perda de tempo.

Você, que faz isso, eu respeito a sua escolha. Eu respeito o seu pensamento. Mas eu abomino você. Não abomino pelo que você pensa. Eu abomino você por estar infectando pessoas que só querem aprender. Esses jovens que estão na sua frente com olhos arregalados, de segunda a sexta, não querem saber a sua opinião sobre como ganhar dinheiro. Esses olhos arregalados querem saciar a sede de conhecimento. Porque, sim, nós estudamos para um vestibular de comunicação, nós escolhemos a profissão mesmo tendo cidadãos como você, que não acreditam em um mundo em que as pessoas possam ser realizadas com o que fazem, dizendo o que devemos ou não fazer. Então só pare. Se você é um professor de jornalismo ou de qualquer outro curso deste mundo e está colhendo frutos da instituição, cumpra o seu papel. Esqueça os verbos imperativos e mova o mundo. Por favor, não tente deixar ele ainda pior. Lembre-se: esses jovens postos à sua frente são a esperança do país.

*Artigo escrito por Carla Carvalho, estudante de Comunicação Institucional na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e colaboradora do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM). Carla contribui voluntariamente no blog Giro Sustentável.

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