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Vivemos uma triste porém verdadeira realidade: o Brasil não tem muitos líderes da causa da sustentabilidade. No sentido daqueles que se apresentam mesmo como protagonistas (do grego “proto” = o primeiro, principal; e “agon” = lutador, guerreiro). Apesar de o nosso país ser a grande potência megadiversa do planeta e muito embora a causa do todo seja maior que o interesse individual das partes. Contrariamente à outras nações em processo de consolidação de níveis mais avançados de maturidade na busca por longevidade em suas perspectivas atuais e futuras, os chamados think-tankers, permanecemos deitados eternamente em berço esplêndido, devendo esse legado. E as próximas gerações, sem ter como nos cobrar, vão pagar caro por isso.

Porque organizações ainda pensam de maneira linear, porém a própria vida é não-linear, demandando uma compreensão mais sistêmica e de aplicação da sustentabilidade pela grande maioria das organizações. Temos muito o que evoluir.

Todo processo de amadurecimento requer disposição em atravessar para o outro lado ainda não alcançado; crescer para além; galgar um degrau mais elevado de evolução. Contudo, empresas que comprovam práticas sustentáveis na gestão valorizam mais em Bolsa; no comparativo de 10 anos (de 2005 a julho de 2015), o Índice ISE BMF&Bovespa valorizou 131,92% enquanto o IBOVESPA valorizou meros 104,31%. Aportar em empresas que protagonizam sustentabilidade é um grande negócio – até financeiramente falando.

Portanto, sustentabilidade de fato e de verdade tem a ver com protagonismo no des_envolvimento do mindset, isto é, tirar o envolvimento; o invólucro de proteção; a zona de conforto do velho modelo mental – não importando a sua linha do tempo a partir da decisão de uma tomada de consciência maior. Melhor, antes; contudo, antes tarde do que nunca. Não basta tirar a pessoa da favela; é preciso tirar a favela da pessoa. 

Clemente Nóbrega, em seu brilhante artigo “Por que o Brasil é Ruim de Inovação?”, sugere os seguintes norteadores: meritocracia no sentido de “pensocracia”: quem pensa (tem a iniciativa e a “acabativa”), manda; reciprocidade; confiança (estamos em 70o. lugar no mundo no ranking de inovação do Insead, em grande parte por também ser lanterninha no quesito ‘Confiança nas relações’); regra da lei (quando  seguida por todos, é boa para todos); e o forte senso de justiça feita ao punir responsáveis – e vem daí o combate à impunidade e à toda forma de corrupção. Esse conjunto é chamado de Tecnologia Social.

Premiar o esforço do executivo em performar metas de  desempenho e não simplesmente o resultado atingido, para quem se comprometesse em realizar quantitativos mensuráveis de sustentabilidade em suas práticas de negócio, levando-o a repensar qual a melhor forma de converter Ativos Intangíveis (como é o caso da sustentabilidade nas rotinas e procedimentos-padrão validados) em Ativos Tangíveis (como o EBITDA e ROI) seria uma forma tangível de alavancar protagonismo.

Nesse momento, veremos surgir uma nova geração de protagonistas disposta a liderar temas sustentáveis, fazendo diferença por uma só razão: sobrevivência. Sua própria, no mercado; da organização que representa, à frente dos concorrentes numa arena competitiva acirrada; e ambos liderando a governança do planeta, em que todos habitamos. 

O grande líder é aquele que deixa outros líderes formados, como sendo o seu grande legado inspiracional; sua contribuição pessoal para a humanidade. Sucesso sem sucessores, é fracasso. Em outros países é possível perceber a atuação mais consistente e coerente de líderes protagonistas da sustentabilidade, como o Jochen Zeitz do B Team, ex-CEO da Puma e o Bob Willard, ex-presidente da IBM, que demonstra financeiramente em seus livros que é mais vantajoso para a empresa ser sustentável, comprovando por A mais B através de 7 Indicadores de Desempenho (KPIs Key Performance Indicators) financeiros que é possível sim fazer a conversão de ativos intangíveis em tangíveis. Até porque já existe atualmente uma normativa contábil brasileira para isso que possibilita o enquadramento quantitativo de práticas sustentáveis: é a NBC T 19.8 (2009). Só permanece cego quem não quer ver.

Vale lembrar, como tributo e fechamento, uma frase do sempre inspirador zeronauta Ray Anderson: “Unless somebody leads, nobody will.” que, numa tradução livre, seria: “A menos que alguém lidere, ninguém liderará”. Parafraseando, poderíamos até dizer que quando os bons não ocupam os espaços, os maus ocupam; porque espaço é espaço e não fica vazio de jeito nenhum. Já viu esse filme antes, na política ou na tela da vida real?

*Artigo escrito por Cleuton Rodrigues Carrijo, professor de MBA em escolas de negócios e de Sustentabilidade Empresarial na FAE Business School; palestrante; consultor em gestão estratégica sistêmica, criador da Matriz de Materialidade Sistêmica Kainos; presidente do Conselho da start-up Nanorganic; e conselheiro do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), vem dedicando-se nos últimos anos à mentoria de executivos e quipes de alta performance. O Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.

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