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(Foto: Marina Pilato)
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(Foto: Marina Pilato)

(Foto: Marina Pilato)

Uma trilha pela frente, araucárias, muito verde e aprendizado. É isso que as turmas escolares que visitarem a Reserva Mata do Uru, na região da Lapa (PR) poderão encontrar. O Programa de Uso Público, seguindo a linha de educação para conservação da natureza, contempla visitas que estão sendo realizadas de novembro a dezembro, com alunos de escolas de Curitiba, ligadas ao Grupo Positivo, e também da região da Lapa.

A Reserva Mata do Uru é a área pioneira no Programa Desmatamento Evitado, desenvolvido pela SPVS – Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, desde 2003, em parceria com o Grupo Positivo, que viabiliza a conservação por meio do Instituto Positivo. Por sua riqueza biológica e grau de conservação, a área de quase 130 hectares foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em 2004.

Revitalizada, a Trilha das Araucárias possui 653 metros de extensão, percurso que é percorrido em cerca de meia hora. O passeio é uma verdadeira imersão na mata característica da região paranaense. O trajeto, preparado para receber qualquer tipo de público, é acompanhado por uma monitora, bióloga da Universidade Positivo, que explica o que há ao redor dos participantes e faz paradas em pontos estratégicos para esmiuçar as peculiaridades da mata.

Os pontos indicados mostram, por exemplo, espécies ameaçadas de extinção que podem ser encontradas na Reserva, como a canela-sassafrás, árvore que foi bastante explorada por produzir um óleo muito denso, útil para uso da perfumaria e da indústria de inseticidas.

Para chamar a atenção das crianças e praticar a educação para conservação da natureza, são realizadas dinâmicas lúdicas, com paradas estratégicas durante o percurso na trilha. Nesses pontos, os participantes se concentram no ambiente em que estão incluídos, para que percebam os sons das aves, a temperatura da floresta e as demais características ambientais tão diferentes das encontradas durante o dia a dia urbano. “A experiência da trilha busca trazer como pontos principais a concentração, que desperta a curiosidade sobre a mata; a percepção do ambiente; a razão, ou seja, por que conservar e por fim a avaliação”, explica a bióloga Dayane May.

É comum durante a visita avistar ao longe ou mesmo encontrar pegadas de animais que vivem na área. A jaguatirica, o cachorro-do-mato, o quati, o tamanduá, a lontra e a gralha são alguns dos habitantes do local. As pegadas deixadas por alguns deles podem ser vistas na entrada da trilha, na chamada “Calçada da Fauna”. A presença desses animais também é detectada por registros em vídeo, de armadilhas fotográficas instaladas dentro da mata para realizar o monitoramento da fauna silvestre.

Ao longo do trajeto, os presentes aprendem como é o processo de reprodução das araucárias e até percebem como o ambiente natural sofre com pressões exteriores, já que as áreas que fazem fronteira com a Reserva Mata do Uru são praticamente dominadas pela agricultura. “A visita torna os visitantes multiplicadores da ideia da conservação da biodiversidade e também faz com que os outros proprietários de áreas naturais percebam como a conservação dos recursos naturais e serviços ecossistêmicos são importantes para a sobrevivência de uma sociedade”, comenta Natasha Choinski, técnica do Programa Desmatamento Evitado, da SPVS.

A coordenadora de Sustentabilidade do Grupo Positivo, Adriane Ribeiro, destaca a importância do Programa de Educação Ambiental realizado na área. “O programa visa sensibilizar os visitantes para práticas que reduzam o impacto que nossas atividades têm no meio ambiente, buscando o entendimento de que a forma com que atuamos hoje só nos levará a destruição desses ecossistemas”, aponta.

Uma mata que tem história

Ao entrar na Reserva, o visitante se depara com as seguintes palavras: “Sinto-me mais seguro no mato do que me senti em qualquer cidade que visitei”. A frase representa muito bem o espírito de Gabriel Campanholo, falecido em 2003 e grande pilar da conservação da área, responsável por apresentar à SPVS o interesse de transformar o local em reserva.

A área pertence, desde 1950, à família Campanholo e em 1985, o Gabriel Campanholo passou a viver ali. Anselmo Lourenço Coelho, caseiro da propriedade há 11 anos e presente na vida da família há 27 – sua mãe foi empregada doméstica na casa por 16 anos – lembra que o patrão era rígido quando se tratava de manter a floresta intocada. “A ideia dele era sempre conservar, deixar como está, e passava isso para os funcionários, como lidar com a madeira, por exemplo”, explica.

Anselmo imagina o sorriso no rosto de Gabriel se visse a Mata tão bem cuidada e recebendo pessoas que podem se tornar multiplicadoras de sua ideia. Natasha concorda. “O mais legal é que o trabalho realizado aqui vai plantar uma sementinha na cabeça das crianças sobre conservação, levando o tema de conservação da natureza para dentro da casa deles”, conclui ela.

Por meio do site www.matadouru.com.br, criado este ano, é possível fazer um tour virtual na Reserva e agendar visitas. Em janeiro será liberado o acesso para a agenda de 2015.

*Artigo escrito pela equipe da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS, parceira do Instituto GRPCOM no Blog Giro Sustentável.

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