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Se um dia eu pensar em uma autobiografia…
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Se um dia eu escrever a minha história, ela começará assim:

Antes de ler, leia isso

Eu nasci em 1982, então em 2012 eu completei 30 anos. São três décadas. Depois desse tempo todo convivendo com uma condição que moldou absolutamente toda a minha forma de ver e estar no mundo, achei que seria uma boa ideia compartilhar uma série de memórias.

Como foi passar por uma infância sem nunca ter jogado bola? Ou nunca ter ido dar uma volta de bicicleta com os meus amigos? Como foi passar por uma adolescência nos anos 90, época em que o forró universitário invadiu as festinhas de garagem que eu frequentava, e nunca ter dançado uma música sequer com quem me deu vontade?

Como foi viver durante 30 anos em um corpo limitado, que não me possibilitou algumas pequenas coisas que poderiam ter feito a diferença na minha vida? Passar a maior parte do meu tempo sentado, olhando para pessoas debaixo para cima e nunca ter certeza do que o mundo via primeiro: se a deficiência, ou eu.

Como foi ser deficiente por 30 anos e saber que eu serei deficiente até o último dia da minha vida? Foi e é fantástico. Eu não trocaria essa experiência por nada.

drachenhaus
A foto original é desse site: http://drachen-haus.de/lonely-wheelchair

Essa não é uma história de superação e nem uma trajetória que mostra que apesar da deficiência é possível ser feliz e realizado. Não é apesar de nada e não deveríamos ter “apesar” de coisa nenhuma. As coisas são como são e pronto. As coisas na nossa vida dificilmente vão acontecer exatamente do jeito que a gente quer. O segredo é entender isso e dançar conforme a música.

Ah é mesmo, eu nunca dancei forró. Por isso, esse livro não é uma autobiografia.

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