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A cada dois anos, nossos ouvidos são tomados de assalto por jingles de campanha. Alguns são bem sacados, outros são horríveis e outros, ainda, têm o cruel condão de grudar no cérebro e ficar lá até a próxima eleição. Por mais que possam ser “psicografadas” pelos próprios pleiteantes – caso do best seller chiclete do Professor Galdino, inspirado em uma canção de ninar –, essas músicas normalmente são criadas por especialistas.

Nando Pinheiro é proprietário de uma produtora de jingles em Santos. Nas últimas campanhas, sua empresa produziu peças para candidatos como Roseana Sarney e Valdemar Costa Neto. Nas atuais eleições, desde meados de julho, vem produzindo entre dez e quinze jingles por dia (verdadeira fábrica sonora) para candidatos de todo o país. O produtor nos revelou algumas particularidades do mercado.

Os preços? Entre R$ 3 mil e R$ 20 mil, dependendo da complexidade. O valor sobe de acordo com a quantidade de adereços acrescidos à música: saxofone, criança, coral e assim por diante. As músicas são pedidas e entregues pela internet. Em tempo: a maior parte das encomendas e das músicas mais simples.

Os envolvidos. O número mínimo envolvido é de cinco pessoas, entre compositor, cantor, instrumentista, editor e pós-produtor. Jingles originais são mais fáceis de produzir, em especial por conta dos direitos autorais envolvidos, por exemplo, com canções inspiradoras como “Macarena”.

A palavra da eleição. Em 2014, por conta da onda recente de protestos, a palavra-chave dos jingles é “renovação”. Mesmo que o candidato não renove nem as camisas azuis do armário eleitoral.

Os estilos. Variam de acordo com a região e, como era de se esperar, seguem o gosto médio da população. No sul, existe uma estima pelas músicas gauchescas, serestas e do tipo “banda de retreta”. No sudeste, sertanejo universitário e melodias mais emotivas, que contam histórias de vida – alguns candidatos preferem o funk. No nordeste, as escolhas recaem sobre o forró, o xote, o frevo e o xaxado.

A grande roubada. Música de inspiração infantil, do tipo “Turma da Xuxa”. Tudo bem que criança inspira voto, mas a infantilização é um tiro no pé.

A ocasião. Segundo Nando Pinheiro, a eleição atual é fraca em termos de ganhos. Forte, mesmo, são as eleições municipais, que geram uma demanda muito mais interessante.

O segredo do sucesso. O jingle deve ser muito objetivo e não pretender contar a história toda. “Para isso existe o locutor, que não se mistura ao cantor”, explica Nando. Tem que ter o número do cidadão, o nome e uns três motes – e seguir a fórmula matemático-sonora do “chiclete de ouvido”. Quanto mais inexpressivo o candidato, maior a necessidade de apelar ao recurso.

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