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Cena rara: Morro García comemora um dos seus dois gols pelo Atlético. (Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)
Cena rara: Morro García comemora um dos seus dois gols pelo Atlético. (Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)| Foto:

Cena rara: Morro García comemora um dos seus dois gols pelo Atlético. (Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Morro García é um esqueleto que sistematicamente sai do armário rubro-negro. Aconteceu de novo hoje, com uma notícia publicada no site oficial do Atlético. Na terça-feira, o Nacional do Uruguai começou a devolver os US$ 2 milhões pagos pelo Atlético para comprar o atacante, em 2011. O depósito foi de US$ 600 mil. Para janeiro está prevista a entrada de mais US$ 400 mil.

 

A nota no site oficial não especifica quando entra o outro milhão. Mas contabiliza em US$ 9,6 milhões o  “resultado positivo nas suas contas [do clube] quando desfez o péssimo negócio realizado na administração anterior, pois todos sabem que o referido jogador não tinha no mercado o valor que foi comprometido, nem condições físicas e técnicas para jogar no nosso Furacão!”.

 

Em agosto, no saudoso Bola no Corpo, trouxe esmiuçados os pagamentos e compromissos financeiros que o Atlético assumiu com Morro García. Reproduzo abaixo, com a devida atualização dos tempos verbais e de informações. Ah, sim. Morro García joga atualmente no River Plate do Uruguai.

 

Negociação Atlético-Nacional

O Atlético acertou o pagamento de US$ 4,4 milhões ao Nacional pela aquisição de Morro García, divididos da seguinte maneira:

 

– US$ 2 milhões por 50% dos direitos federativos do jogador, pagos em até 24 horas depois da publicação do nome de Morro no BID. Morro foi registrado no dia 4 de julho e o pagamento foi feito no dia 5 de julho;

 

– US$ 2,4 milhões (ou 1,7 milhão de euros), em quatro parcelas, referentes aos outros 50% dos direitos do jogador. As parcelas foram escalonadas da seguinte maneira: 1º parcela, 500 mil euros, em maio de 2012; 2ª parcela, 500 mil euros, em novembro de 2012; 3ª parcela, 350 mil euros, em maio de 2013; 4ª parcela, 350 mil euros, em novembro de 2013.

 

O pagamento acima foi questionado pela atual diretoria rubro-negra. O clube entendia que poderia optar entre comprar ou não os 50% restantes de Morro. Como não pretendia ficar com o jogador, não pagou a primeira parcela. O Nacional entendia que a aquisição era compulsória e cobrou a dívida. A solução poderia ser um terceiro clube, da Europa, comprar os 50% pendentes. Ou até o Nacional pegar Morro de volta. Petraglia foi a Montevidéu tratar das duas possibilidades. O Kasimpasa, da Turquia, levou Morro. E o Atlético liberou-se de pagar os US$ 2,4 milhões que faltavam.

 

Negociação Atlético-Guardian Universal Limited

A Guardian Universal Limited é a empresa de Daniel Fonseca, ex-atacante da seleção uruguaia, parceiro do Nacional e procurador de Morro. A Guardian tem função similar à da L.A. Sports no momento da entrada da empresa no Paraná Clube. Põe dinheiro e jogadores no clube em troca de ficar com parte dos direitos das revelações do Nacional. Além disso, empresaria estes jogadores. Como investidora, a Guardian não tinha participação formal nos direitos federativos de Morro, mas tinha poder para não deixar o atacante assinar com o Atlético.

 

O acerto financeiro entre Atlético e Guardian Universal Limited previa o pagamento de US$ 1,8 milhão em seis prestações, escalonadas da seguinte maneira:

– US$ 545 mil pagos no dia 7 de julho de 2011;

– US$ 485 mil pagos no dia 7 de agosto de 2011;

– US$ 85 mil pagos no dia 7 de setembro de 2011;

– US$ 85 mil pagos no dia 7 de outubro de 2011;

– US$ 400 mil a serem pagos no dia 7 de setembro de 2012;

– US$ 200 mil a serem pagos em 7 de março de 2013.

 

As quatro primeiras parcelas (US$ 1,2 milhão) foram pagas pela diretoria anterior do Atlético. A diretoria atual avisou que não pretendia pagar os US$ 600 mil restantes, por considerar o valor abusivo. O acordo com o Nacional liberou o Atlético de pagar estes US$ 600 mil restantes.

 

Atlético-intermediários

O Atlético pagou comissão de R$ 450 mil a dois empresários de Porto Alegre pela intermediação do negócio: Nelson Sturmhoebel (também era procurador de Taiberson) e Mario Antonio Ribeiro.

 

Sturmhoebel recebeu, no dia 7 de julho de 2011, R$ 330 mil em nome da sua empresa, a Refast Consultoria Desportiva.

 

Ribeiro recebeu, no dia 7 de julho de 2011, R$ 120 mil também em nome da sua empresa, a IPC do Brasil Marketing.

 

Os dois empresários associaram-se ao Atlético inicialmente para a negociação de Martinuccio, que estava no Peñarol. Eles foram, inclusive, a Buenos Aires com Alfredo Ibiapina para negociar com o empreário do atacante carbonero. Martinuccio assinou um pré-contrato com o Palmeiras, o Atlético desistiu e a atenção foi direcionada para Morro García, também com auxílio dos dois empresários gaúchos. A comissão paga equivale a 4% da transferência.

 

Atlético-Morro García (salários)

Morro García assinou com o Atlético um contrato de cinco anos, com reajustes salariais previstos para o fim do primeiro, segundo e terceiro anos. O escalonamento, somando valor registrado em carteira e direito de imagem, era o seguinte:

 

1º ano: US$ 41 mil/ mês (US$ 533 mil no ano)

2º ano: US$ 50 mil/ mês (US$ 650 mil no ano)

3º ano: US$ 55 mil/ mês (US$ 715 mil no ano)

4º ano: US$ 62 mil/ mês (US$ 806 mil no ano)

5º ano: US$ 62 mil/ mês (US$ 806 mil no ano)

Ao todo, de salários, o valor é de US$ 3,51 milhões.

 

Com as devidas conversões e arredondamentos, o custo total de Morro García previsto em contrato (somando pagamentos ao Nacional, ao investidor, de comissão e em salários) é de aproximadamente US$ 10 milhões por cinco anos.

Na nota publicada nesta sexta-feira, o Atlético informa ter economizado com o acordo US$ 3,4 milhões de salários até o fim do contrato, sujeito a correção cambial, e US$ 400 mil de direito de imagem não pago no primeiro semestre de 2012.

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