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Desde que o MP tentou suspender as obras na Praça do Japão, prefeito não tem poupado críticas à atuação dos promotores (Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo)
Desde que o MP tentou suspender as obras na Praça do Japão, prefeito não tem poupado críticas à atuação dos promotores (Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo)| Foto:

Em uma roda de conversa informal entre prefeitos, os primeiros a ficarem com as orelhas quentes são os membros do Ministério Público. Já nos discursos públicos, as queixas geralmente ganham um tom mais institucional e se manifestam de forma insossa nas críticas à judicialização da gestão e criminalização dos agentes políticos. Não quando o orador é Rafael Greca (PMN). Têm sido raras as entrevistas e discursos em que o prefeito de Curitiba poupa promotores e procuradores.

A tentativa do MP de suspender as obras na Praça do Japão para a implantação do Ligeirão Norte-Sul recarregou a metralhadora de críticas de Greca. Nesta quarta-feira (14), o prefeito cutucou, novamente, o Ministério Público em uma postagem em sua página no Facebook.

“Ontem o desembargador Luís Mateus de Lima voltou a proteger Curitiba e defender nosso povo do Ministério Público que, em recurso, ainda insistiu em proibir a circulação de ligeirões na Praça do Japão”, escreveu.

Em uma entrevista recente concedida à Rádio Jovem Pan o prefeito adotou tom mais informal e contundente.

“O grande problema do Ministério Público é essa fogueira de vaidades. As vaidades são névoas do nada. Eles querem participar do processo, mas eu os convido a concorrerem à eleição e virem competir comigo em uma próxima eleição”, afirmou.

A briga de Greca com o MP não começou no episódio da Praça do Japão. Antes disso, ainda em 2017, promotores já haviam recomendado que a prefeitura desse transparência ao aumento de 15% da tarifa de ônibus. Além disso, no fim do ano passado a Justiça suspendeu a pedido do MP o processo de contratação de uma Organização Social para gerir a UPA da Cidade Industrial. Ao seu modo, Greca reagiu.

“A UPA [Unidade de Pronto Atendimento] da CIC não foi aberta porque a doutora, promotora do Ministério Público, amarrou as minhas mãos. Quando ela desamarrar, eu abro. Agora já temos culpado para a UPA da CIC estar fechada – não é municipal”, disse em uma visita que fez à Câmara Municipal.

Na Rádio Jovem Pan ele voltou a falar sobre o assunto.

“É mais um episódio da mesopotâmica novela do meu carma com o Ministério Público. Eu queria abrir a UPA e já teria aberto em outubro do ano passado se a doutora ministra pública não tivesse metido a colher onde não foi chamada, dizendo que não há interesse público em abrir a UPA para defender interesses corporativos sindicalistas”.

As declarações de Greca revelam duas características marcantes de sua gestão à frente da prefeitura. A primeira delas é ímpeto do prefeito em se notabilizar como um gestor assertivo, ágil, que não se perde nos labirintos burocráticos que separam promessas de realizações. Essa foi a principal crítica de Greca ao ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT) e ele não pode se permitir receber o mesmo rótulo.

O outro ponto evidenciado pelas declarações é a dificuldade de Greca em lidar com uma gestão mais compartilhada da cidade. Na visão do prefeito – alinhada à tradição do grupo político que agora integra – a palavra do chefe do Executivo impera. O legislativo, os conselhos e próprio Ministério Público podem até opinar, mas interferir, jamais.

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