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Brazilian President Michel Temer speaks during an Investment Forum in Sao Paulo, Brazil on May 30, 2017. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA
Brazilian President Michel Temer speaks during an Investment Forum in Sao Paulo, Brazil on May 30, 2017. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA| Foto:

O presidente Michel Temer e seus aliados mais próximos apostam que um pedido de vista – um tempo extra para análise do processo – resultará no adiamento do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcado para iniciar na próxima terça-feira (6). Esse procedimento levaria a decisão do tribunal para o segundo semestre, já que não há prazo determinado para o retorno do processo ao plenário.

Até lá, Temer espera concluir a votação das reformas trabalhista e da Previdência na Câmara e no Senado. Isso demonstraria que o seu governo tem sustentação parlamentar e teria resultados positivos nos indicadores econômicos. Líderes governistas no Congresso também têm conversado com grandes empresários, incluindo construtores e banqueiros, em busca de apoio político para o presidente.

A cassação da chapa Dilma-Temer é considerada pelos líderes do PSDB e DEM como uma saída honrosa para Temer porque ele não teria seus direitos políticos cassados. Isso aconteceria apenas com a ex-presidente Dilma Rousseff, que seria considerada a responsável direta pelas irregularidades nas contas da campanha. Prevalecendo a tese da indivisibilidade da chapa, Temer perderia o mandato e ocorreria uma eleição indireta para o cargo de presidente da República.

Temer e seu grupo palaciano – ministros e parlamentares que participam de reuniões mais restritas – afirmam que têm três votos certos e um provável no TSE. Mas o presidente não quer pagar para ver, quer adiar tudo o que for possível adiar.

Compasso de espera

Nas reuniões realizadas nesta semana no Palácio do Planalto, ficou decidido que não acontecerão votações das reformas constitucionais nas próximas três semanas. A próxima semana será tomada pelo julgamento o TSE. Nas seguintes, as desculpas são o feriado de Corpus Christi e as festas de São João, que realmente costumam esvaziar o Congresso.

A verdade, porém, é que o governo quer um tempo para recompor a sua base parlamentar após o choque provocado pela delação do Joesley Batista, dono da JBS. Falta confirmar uns 20 ou 30 votos, segundo cálculos do Palácio do Planalto. O governo quer reiniciar as votações dia 26 de junho. Daria para votar a Previdência em dois turnos na Câmara até o dia 15 de julho.

Todos esses planos podem vir abaixo, porém, com algum fato novo, como a possível delação do deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) – aquele flagrado com uma mala recheada com R$ 500 mil na saída de um restaurante em São Paulo, tudo registrado pelas câmeras da Polícia Federal. Parlamentares próximos a Temer procuram passar a ideia de que essa propina teria sido ideia do deputado, não do presidente. Até porque foi o parlamentar que agendou o encontro com o empresário no Palácio do Jaburu. Mas uma nova delação pode comprometer ainda mais o presidente.

Parlamentares e assessores diretos de Temer afirmam que ele está mais tranquilo e seguro nesta semana. Chegou a ficar nervoso, agitado, nos três primeiros dias após a revelação da conversa gravada por Joesley. Quando ouviu o áudio pela primeira vez, ao lado de aliados, comentou: “Mas é só isso?”. Considerou que os diálogos não o comprometeriam no aspecto jurídico, apesar do estrago político. Dizia estar “indignado” com o comportamento do empresário e de parte da imprensa.

“Cometi esse erro”

Na primeira reunião com os líderes e ministros após o estouro do escândalo, dia 21 de maio, o presidente teve um momento de humildade. Confessou que errou ao receber na residência oficial um empresário que já era alvo de investigações pela Polícia Federal. “Cometi esse erro”, afirmou aos presentes. Disse que já tinha se recusado a receber Joesley no Palácio do Planalto, mas teria sido surpreendido com a audiência, marcada por Rocha Loures, por volta das 21h, logo que chegou de um jantar.

Mas o fato é que as gravações mostram que o nome de Loures foi indicado a Joesley pelo próprio Temer. Ele seria o responsável por encaminhar alguns assuntos de interesse do empresário no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Com a perda do mandato parlamentar, após a volta do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para a Câmara, Loures pode ter a sua prisão decretada. O pedido já foi feito pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, e depende da decisão do ministro Edson Fachin. Uma prisão pode resultar em delação em muito pouco tempo.

Pelo menos, para o governo, o processo contra o deputado continua no Supremo Tribunal Federal por causa da sua vinculação direta com o presidente Temer. O governo estaria mais preocupado se o processo tivesse caído nas mãos do juiz Sérgio Moro.

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