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A cena causou preocupação no mundo do MMA.

Nocauteado por Mike Perry no UFC Fight Night 108, no fim de semana passado, o veterano Jake Ellenberger demorou bem mais do que o normal para acordar da pancada.

As câmeras da transmissão não mostraram, mas o americano ficou, segundo relatos de quem estava na arena em Nashville, pelo menos dois minutos desacordado no octógono.

Com a imagem na cabeça, fiquei me perguntando qual é o protocolo médico adotado em casos como esse — ou bem mais graves, em que a saúde (ou até a vida) do atleta esteja em risco?

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Quem explica é o médico Daniel Carvalho, da Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA).

“Quando um atleta apaga, normalmente leva 20 ou 30 segundos para voltar. É mais ou menos isso que levamos para entrar no ringue e começar a checá-lo”, diz.

“O árbitro normalmente já tirou o protetor bucal e nós avaliamos primeiro o risco de vida. Se está respirando ou não. Pode estar inconsciente, mas respirando”, prossegue Carvalho.

Se o lutador nocauteado não recobra a consciência nesse período, mas está respirando, os médicos aguardam seu despertar com bom senso.

Em um cenário mais grave, Carvalho ressalta que os eventos chancelados pela CABMMA têm à disposição toda a estrutura necessária (oxigênio, colar cervical, tábua de remoção) para fazer o transporte para o hospital (previamente cadastrado) com rapidez e segurança.

“O protocolo é baseado na Comissão Atlética de Nevada [principal órgão regulador do MMA]. No UFC, que é a “Copa do Mundo”, são exigidas três ambulâncias com UTI, além de uma de remoção. Nos eventos nacionais temos pelo menos duas UTIs móveis e também outra para remoção”, cita o médico, que apenas uma vez precisou acompanhar um atleta ao hospital.

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“Em seis anos, mais de 60 eventos, removemos só uma vez e não porque estava desmaiado, mas porque estava com dificuldade para se levantar”.

A prevenção, no entanto, é a medida mais importante para evitar lesões graves nos ringues. Os eventos supervisionados pela CABMMA, por exemplo, exigem que os atletas passem por uma bateria de exames antes de serem liberados para competir.

Em março, por exemplo, um lutador foi impedido de lutar no Brave 3, em Curitiba, porque foi descoberto um problema grave.

“Descobrimos uma alteração em um atleta, um aneurisma cerebral. É um risco muito grande. Ele lutava sem nunca ter feito um exame na vida”, revela Carvalho, que classifica como “baixo” o risco de uma morte acontecer em um evento regulamentado como o UFC.

Em campeonatos menores — grande maioria no Brasil –, o cenário é outro. Bem mais perigoso.

“Sorte [que nada acontece ainda], né? Uma hora vai acontecer. Vai acontecer”, alerta.

“Se continuar assim, sem ter um padrão [de regulamentação]. Aqui é diferente dos EUA, onde cada estado tem uma entidade que chancela. Justamente por isso montamos a CABMMA para trazer um suporte. Mas no Brasil é possível fazer eventos sem nossa supervisão porque o MMA ainda não é esporte perante a lei”.

Os maiores riscos

→Morte súbita

“É inerente a qualquer esporte, mas a prevenção ajuda a diminuir o risco. Avaliação médica, teste de esforço… o atleta precisa estar em condição para lutar”, avalia Carvalho.

→Concussão

“É o principal risco. O atleta desacordou e alguém não sabe como proceder. Algumas vezes as vias aéreas do lutador podem ficar trancada quando apagado. Tem uma maneira correta para desobstruir. Também tem a questão do trauma e da sequência de traumas, da luta não ser parada. Há eventos que não tem médicos presentes”.

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