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FASHION BEAST

FASHION BEAST

No final da década de 1980, um jovem e genial Alan Moore já era conhecido por ajudar a mudar os rumos dos quadrinhos com seu seminal Watchmen e também com V de Vingança, além de já ter feito Miracleman (Marvelman), Monstro do Pântano e outros tantos trabalhos para a 2000 AD.

Neste mesmo final dos anos 1980 o eterno empresário dos Sex Pistols, Malcolm McLaren estava procurando alguma outra coisa para fazer.

McLaren ligou para Moore, e lhe ofereceu a chance de escrever um roteiro para cinema. A trama deveria obrigatoriamente se passar no mundo da moda e também deveria conter duas figuras andrógenas que, ao longo da trama, mostrariam suas verdadeiras faces.

O resultado foi Fashion Beast. E não, não era uma história em quadrinhos. O roteiro foi construído para ser filmado, com atores, atrizes e principalmente muita interferência das novas técnicas de cinema que estavam surgindo naquele período. O filme nunca foi feito.

Corta para 2013.

O roteiro é “encontrado” pelo escritor  Antony Johnston que decide adaptá-lo para os quadrinhos com a arte de Fecundo Percio. Com a anuência de Moore – que até assina o prefácio da obra – os dois artistas começam a transpor o roteiro cinematográfico para um de quadrinhos e lançam a obra pela pequena editora Avatar.

Agora a Panini lança essa obra aqui no Brasil, e, como era de se esperar no mundo da Indústria Cultural, o nome de Moore é o maior, o de McLaren um pouco menor (logicamente por se tratar de uma obra em quadrinhos. Se fosse uma obra musical provavelmente a ordem e tamanho dos nomes na capa seriam ao contrário) e o de Antony Johnston minúsculo. Até o nome de Fecundo Percio (que também está bem pequeno) está maior.

Mas tirando essa injustiça industrial, a edição da Panini é muito bacana, e vale o preço que cobram (29,90).

A história se passa em um futuro pós-apocalíptico onde as pessoas estão apenas esperando o cataclismo final. E no meio disso, um editor de moda é a pessoa mais importante de Londres, porque a única diversão que existe para o povo é acompanhar os desfiles e saber que não poderão comprar aquelas roupas.

A futilidade e o desespero humano frente ao fim do mundo é o que torna a obra interessante, e é onde reside a genialidade de Moore. Mesmo se tratando de uma obra menor, porque não podemos compará-la aos melhores trabalhos de roteirista, ainda assim sua sagacidade e genialidade ainda estão ali. A sociedade distópica construída por ele é ao mesmo tempo tensa e cruel, muito cruel. E essa crueldade perpassa cada personagem da trama, afinal, em um mundo prestes a acabar, com o que devemos nos preocupar? Para Moore e McLaren, com a moda.

 

 

 

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