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10 perguntas incômodas sobre torcida única e violência no futebol
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Confusão em tubo de ônibus em dia de Atletiba em Curitiba.

Mais uma morte relacionada ao futebol, no domingo de Corinthians e Palmeiras, fez São Paulo instituir clássicos com torcida única até o final de 2016. Nós, aqui no Paraná, já vivemos a experiência, nos Atletibas de 2012 do Paranaense. E Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, voltou a defender a medida – não disse se apenas para clássicos ou para todos os jogos. 

Quanto mais debate, melhor. Mas não gosto da ideia de torcida única. E deixo algumas perguntas:

–  As confusões não são nos estádios, ocorrem nas ruas. Como controlar a presença da torcida rival pela cidade em dias de jogos com torcida única?

– Como restringir o uso de camisa do time rival na rua nas datas de partidas com torcida única? Se alguém for flagrado usando camisa do Coritiba, por exemplo, em dia de Atletiba na Baixada, será multado? Preso?

– Caso ocorra novo incidente em dia de clássico com torcida única, algo razoável de se presumir, considerando o cenário da violência do futebol no país. Qual será a próxima medida? Jogos sem torcida nenhuma?

– A Argentina já tentou torcida única entre 2013 e 2014 e 32 mortes foram contabilizadas no período. O país exibe cenário semelhante ao do Brasil de violência no futebol. O insucesso da medida serve como exemplo?

– Sobre a proibição de adereços para as torcidas organizadas em São Paulo. Entre 5% e 7% dos torcedores organizados cometem atos de violência, segundo Mauricio Murad, sociólogo autor do livro Para entender a violência no futebol. Os mais de 90% restantes vão pagar pela minoria?

– Na hipótese de futebol com torcida de somente um clube no estádio, os torcedores do Corinthians e Flamengo que residem em Curitiba, por exemplo, nunca mais verão o Alvinegro e o Rubro-Negro in loco na cidade?

– Quando as diretorias dos clubes vão parar de se aliar aos torcedores organizados, especialmente em épocas de eleições?

– Descaracterizar as torcidas organizadas não vai empurrar as facções para a clandestinidade?

– Grupos que promovem e exaltam a violência no futebol estão presentes nas redes sociais. Não é possível identifica-los?

– Segundo o especialista em violência no futebol Mauricio Murad, dos crimes relacionados a futebol em 2014, somente 3% foram punidos. A impunidade não seria o principal motivador das ações violentas?

É óbvio que repudio a violência no futebol e considero grave o cenário atual. E não penso que, por ser de difícil solução, devemos deixar simplesmente as coisas acontecerem. Só acredito que torcida única não resolve nada. É preciso refletir e agir além.  

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