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Rafael Ribeiro/CBF
Rafael Ribeiro/CBF| Foto:

Colaboração do colega Jones Rossi com o blog.

Depois, leia a PARTE II: 5 motivos pelos quais deveríamos restabelecer já o mata-mata no Brasileiro

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Depois de 14 edições seguidas do Campeonato Brasileiro disputadas pela fórmula dos pontos corridos, vários clubes estão fazendo lobby pela volta do mata-mata. Se você não é muito afeito afeito à terminologia futebolística, o campeonato por pontos corridos é a coisa mais simples — e também mais chata — do mundo: todos os times se enfrentam em turno e returno. O campeão é aquele que somar mais pontos. No campeonato mata-mata, inventa-se alguma fórmula maluca — essa é só uma das partes legais — para classificar quatro, oito, 16 ou outro número qualquer, e a partir daí esses times enfrentam-se em partidas decisivas até a grande final entre os dois melhores.

Existe uma corrente antiga no jornalismo esportivo brasileiro que sempre tratou a implantação do campeonato por pontos corridos como a panaceia que curaria nosso futebol de todos os males. Todos sabemos o quanto jornalistas podem ser chatos, ainda mais os esportivos — gente que leva o futebol realmente a sério e discute um impedimento com a mesma gravidade que filósofos e cientistas se perguntam por que existe o mundo e não apenas o nada.

Pois nos parágrafos seguintes vou derrubar a tese mais chata criada pelos seres mais chatos do jornalismo: a de que os pontos corridos é a melhor fórmula de disputa para o Campeonato Brasileiro.

Cinco motivos pelos quais deveríamos acabar já com os pontos corridos:

Nº 1: Justiça monetária

Pretensamente a maior vantagem dos pontos corridos seria sua suposta justiça. Afinal, não há mistério: todos jogam contra todos, quem faz mais pontos é o campeão. Então vamos falar de justiça em um campeonato em que times como Corinthians e Flamengo recebem mais de 100 milhões de direitos de tevê e Chapecoense e Sport recebem um quinto disso. Qual a justiça nisso? Vão disputar o campeonato em condições iguais? Desde que os pontos corridos foram implantados, somente os times com mais grana levaram o título, como o São Paulo, e o Fluminense com a grana da Unimed. Bahia, Coritiba, Atlético Paranaense campeões? Esqueça. Vitória, Bangu, Brasil de Pelotas, Londrina, entre os primeiros? Nunca mais. “Ah!”, dirão os coxinhas das tevês a cabo, “o campeonato por pontos corridos também premia os clubes melhor administrados, como o Cruzeiro”. O que nos leva ao segundo ponto.

Nº 2: Craque da rodada: o balancete financeiro

Que lindo, não? Um campeonato de futebol feito para premiar o time com a melhor estrutura FORA DE CAMPO, com o melhor centro de treinamento, que paga em dia os jogadores, que tem um marketing sensacional, um plano de sócios excelente, uma arena ultramoderna, superávit nas contas, e por aí vai. Tudo muito bonito. Mas preciso ser chato e lembrar a todos de que nada disso é futebol. Se vamos usar essa métrica para decidir o campeão brasileiro, vamos contratar uma auditoria, fazer um ranking dos clubes mais bem administrados e transmitir tudo ao vivo antes do Domingão do Faustão. Se bobear, vai dar tanta audiência quanto os tediosíssimos jogos do Brasileiro por pontos corridos naquela fase em que o campeão já tem 897 pontos de vantagem sobre o segundo colocado e ainda faltam 1.345 rodadas para terminar o campeonato.

Nº 3: É chato pra dedéu

“Todo jogo é uma final”, dizem os espertalhões, lembrando que a primeira rodada vale tanto quanto a última. Sim, mas vá explicar isso ao CORAÇÃO do torcedor. Não tem argumento racional que tire o sujeito de casa nas primeiras rodadas, quando ainda restam um trilhão de rodadas para o fim do campeonato.

Nº 4: Entreguismo, golpismo, neoliberalismo

Já aconteceu mais de uma vez. Em 2009, para prejudicar o Palmeiras, o goleiro Felipe, então no Corinthians, nem pulou na hora do pênalti em uma partida contra o Flamengo. Naquele mesmo ano, o Grêmio colocou um time de garotos para jogar contra o mesmo Flamengo no Maracanã na rodada final, para evitar que o rival Internacional fosse campeão (a vitória do Grêmio daria o título ao Colorado). A CBF, para evitar esse tipo de mutreta (lembram da história que os pontos corridos são justos etc. e tal?) foi obrigada a marcar todos os clássicos para a última rodada do campeonato. A medida, porém, já foi abandonada.

Nº 5: Não tem final

Essa mesma galera que considera a simples hipótese de acabar com os pontos corridos uma afronta pessoal, baba ovo para um evento chamado SuperBowl, que nada mais é que a grande final da temporada do futebol americano. “Ai”, exclamará o aflito defensor do “calendário racional no futebol brasileiro”, “nós já temos a Copa do Brasil, que tem final.” Legal, fera. Então vamos fazer mais um campeonato com final: o Brasileiro. Daí teremos dois. E vamos caprichar na final do Brasileiro. Vale até a CBF programar um show no intervalo, ou alguma frescura do gênero.

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