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Propostas do Atlético agridem a inteligência de seu torcedor
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Os últimos dias no Atlético não estão sendo nada fáceis. Especialmente para seus torcedores. Mesmo com  a equipe em condições razoáveis para voltar à Libertadores, não se fala de bola. O único assunto é a arquibancada, a festa na Arena etc.

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É compreensível. Afinal, o que acontece com a torcida é mais importante mesmo que os resultados do gramado. Um clube existe por causa de seus apaixonados. E só. Todo o resto é acessório. Se parte dos atleticanos não está feliz, é porque algo está errado.

E de terça (10) para quarta (11) a diretoria do Furacão mostrou estar em parafuso. Não deu para entender. Afinal, o que quer Mario Celso Petraglia? Sim, pois embora esteja oficialmente licenciado da presidência do Conselho Deliberativo, é o cartola quem segue no comando. Todo mundo sabe.

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Na terça-feira, já à noite, durante a rodada decisiva das Eliminatórias, o Rubro-Negro lançou nota em que pintava um quadro alarmante, de emergência máxima. Pediu apoio da segurança pública, disse ter recebido ameaças de invasão do estádio, enfim, quase pediu socorro.

Tudo por causa do protesto organizado pela torcida Os Fanáticos para esta quarta-feira (11), em frente da Arena. E além da facção, a diretoria do clube apontou no texto os oposicionistas Henrique Gaede, João Alfredo Costa Filho e Edilson Thiele como os responsáveis pela manifestação com chance de tumulto.

Um dia depois, o Atlético solta outra nota em que, praticamente, vai na direção contrária da anterior. Sai o alarmismo da primeira e entra um desejo de composição com os “revoltosos”. E quem o Furacão convida para rever o plano de sócios? Os “terroristas” Henrique Gaede e João Alfredo Costa Filho.

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A impressão que ficou é que não foi o mesmo clube que escreveu as duas notas. Ou foram duas pessoas com disposições completamente diferente. Ou quem escreveu uma não leu a outra. Ou ainda, que em 24 horas tudo mudou completamente na Baixada. Enfim, confuso, não?

O que ficou absolutamente evidente é a preocupação do Atlético com a possível realização de uma assembleia de sócios que a oposição está se organizando para convocar. São necessárias 3 mil assinaturas de associados e, na pauta, estão diversas reivindicações com relação à torcida.

E embora tenha adotado postura completamente oposta, o Furacão pouco acrescentou na última nota. Dos cinco pontos que abordou, há pouco ou quase nada em termos de avanço real. Abaixo, uma consideração para cada um:

a) No ponto inicial, o Atlético trata da questão dos sócios. E, com alguns anos de atraso, admite que o esquema atual de associações está defasado. A solução? Convidar os oposicionistas para discutir o tema, com a assessoria da Fundação Getúlio Vargas. E, de acordo com o Atlético, sem “descuidar da associação”. Fica claro que o Furacão deixa pouco espaço para manobrar.

b) O segundo tópico trata da cessão da Arena para eventos em datas de jogos do Atlético. O clube afirma que isso não acontecerá mais e que o problema da Libertadores, quando a equipe foi empurrada para a Vila Capanema no duelo com o Santos, foi tudo culpa do Coritiba. Nenhuma novidade.

c) O terceiro ponto é o mais curioso. O Atlético diz que, atendendo a reivindicações da torcida, o clube pretende “colorir a Arena”. É interessante, porque sempre foi uma bandeira da gestão atleticana a necessidade de o estádio ser “neutro”, para não prejudicar a realização de eventos. Bem, aparentemente, isso caiu por terra.

Mas, e como o Furacão pensa em colorir o estádio? Fornecendo “capas vermelhas” para que seus torcedores cubram, se quiserem, os assentos. É só mais uma amostra de como o Atlético não manja nada de festa na arquibancada. E quer trazer para si, e não abrir para seu torcedor, o colorido na arquibancada.

d) O quarto ponto também não apresenta novidades. O Rubro-Negro apenas reforça que está procurando resolver as pendências financeiras sobre o financiamento da Arena para a Copa do Mundo. Que todas as contas estão abertas. E que precisa do apoio de seu torcedor.

e) E, por fim, o último ponto também não sai do lugar. O Atlético ratifica a imposição da biometria e as proibições às organizadas, grupos que, segundo o clube, “patrocinam a violência”. Curiosamente, há cerca de dois anos, a chapa CAPGigante se aliou à Os Fanáticos para vencer as eleições. Mesmo após o episódio de violência em Joinville, que ocorreu em 2013.

O que o Atlético precisa, de fato, é encerrar essa guerra fria. Acabar, de uma vez por toda, com esse conflito fratricida que está atrasando o clube e acabando com a energia do Caldeirão do Diabo. Sem segundas intenções, desarmado, o quanto antes.

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