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Paulo Baier, Alex e Weverton: cabos eleitorais nos pleitos de Atlético e Coritiba.
Paulo Baier, Alex e Weverton: cabos eleitorais nos pleitos de Atlético e Coritiba.| Foto:

As eleições nos clubes de futebol, com a participação maciça dos sócios, se transformaram em corridas por votos comuns – como os pleitos para vereador, deputado, prefeito etc. E, assim, já apresentam algumas das virtudes e vícios de qualquer processo eleitoral.

Entre os pontos positivos, está, principalmente, a necessidade de debate. Diante de um eleitorado expressivo (no caso em questão, do Coritiba, de 6,7 mil sócios), é preciso apresentar mais, aparecer mais, falar mais, discutir mais as propostas para angariar votos.

Por outro lado, há as questões negativas. E, na minha avaliação, entre elas está a utilização de ídolos da torcida como cabos eleitorais. Alguns ex-jogadores já estão envolvidos na eleição do Coxa. Para não parecer uma crítica à determinada chapa, prefiro não citar nomes.

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Mas já foi assim no pleito anterior, que elegeu Rogério Bacellar presidente do Coritiba em 2014. Alex, o Menino de Ouro do Alto da Glória, esteve ao lado da chapa vencedora Coxa Maior. E, evidentemente, teve peso para o triunfo da oposição naquele momento.

A mesma situação, em escala astronômica, ocorreu no Atlético no ano seguinte. Oposição e situação montaram, cada uma, ao menos um time completo de ex-ídolos apoiadores. Toda a equipe campeã brasileira de 2001 esteve envolvida, Paulo Baier, Ricardo Pinto, entre outros, também.

A estratégia das chapas é óbvia. Tentar emprestar dos ídolos o carisma e ganhar parte da adoração que os jogadores despertam nos torcedores. No entanto, os cartolas jamais terão o mesmo respeito, afinal, não entram em campo. Mesmo assim, alguns passam a vida tentando ser queridos, sem sucesso.

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A contribuição dos ex-atletas, e mesmo atuais, entretanto, acaba se tornando suspeita em determinadas situações. Com acusações de apoio em troca de pagamento de dívidas, promessas de cargo e, como já se pôde constatar, alguns são mesmo contratados posteriormente.

E, naturalmente, superada a corrida eleitoral, vários ídolos acabam queimados, entre vencedores ou vencidos. Alex, antes unanimidade entre os coxas-brancas, recebeu uma enxurrada de críticas. Participação política que não foi bem digerida nem mesmo pelo craque.

Evidentemente, é absolutamente livre a manifestação, de qualquer ordem, política ou não. Não se trata de pregar a censura entre os boleiros, a alienação completa. Cada um faz o que bem entender, está no seu direito de apoiar, publicamente, quem quer que seja.

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Agora, não acho uma boa ideia. Um ídolo representa o Coritiba, ou o Atlético, por exemplo, por inteiro. É adorado pela massa de torcedores. É um símbolo, eventualmente, de uma conquista coletiva. Com a bola rolando, não há política.

Em tempos de corrida eleitoral, acredito ser mais prudente o afastamento. Melhor deixar o embate por votos para os cartolas. Estes sim, os agentes políticos nos clubes de futebol. Responsáveis por encontrar as soluções e, principalmente, os culpados pelos problemas dos times.

Que os jogadores fiquem com a festa, com a idolatria. Sem divisões, sem preferências, sem apoios de ocasião, sinceros ou negociados. Uma bela história dos atletas em seus respectivos não merece ser arranhada em propaganda para ganhar eleição.

Obs: só para que não ocorra nenhuma confusão. Não falei de ídolos e ex-jogadores como candidatos a cargos nos clubes. Aí é outra conversa.

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