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AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA
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Como todo moleque viciado em futebol, sempre quis conhecer o Maracanã. Tive uma chance em 1988, numa viagem de família ao Rio de Janeiro. Mas não acreditei no convite do meu pai para assistir Fluminense e Bahia, pela semifinal do Brasileiro. Parecia bom demais pra ser verdade – e era verdade.

A outra oportunidade veio somente 17 anos mais tarde, em 2006. Não deixei passar. Aproveitei uma folga no trabalho para ir ao Mário Filho no mês de março, numa quinta-feira à noite, para assistir Botafogo e Ipatinga, duelo disputado pela Copa do Brasil.

Não era, convenhamos, nenhum clássico do futebol, bem longe dos sonhos de qualquer fã do esporte. Mesmo assim, a minha estreia no Maraca foi perfeita. Acompanhei o glorioso time mineiro enfiar 3 a 1 no Fogão e passar de fase com os gols dos não menos célebres Léo Silva, Léo Medeiros e Dênis.

Mais do que isso, ainda consegui ver a geral. O setor já estava fechado para ser modificado para o Pan 2007, mas ainda intacto. Pude recordar dos clássicos geraldinos, torcedores acompanhados de cachorro, galo, todo mundo misturado, fantasiados, soltando pipa, tomando chuva.

Admirei a gigantesca marquise. A vista para o Morro da Mangueira. Circulei pelo amplo acesso para as arquibancadas. Lembrei do jogo do Romário contra o Uruguai em 89 pela Eliminatórias, do Bebeto na Copa América diante da Argentina, do Zico, Roberto Dinamite, Renato Gaúcho etc.

Pouco depois a praça esportiva foi fechada para a reforma do Pan-Americano, intervenção que uniu a geral com as cadeiras azuis, transformando numa área só. Voltei várias vezes ao Maracanã, como jornalista e a passeio. Não era exatamente mais o mesmo estádio, mas era quase.

Até que veio a Copa do Mundo. Foram três anos e R$ 1,2 bilhão para transformar a estrutura em palco do Mundial e sede da final. Foi modificada a cobertura histórica, o segundo andar acabou “derrubado”, as arquibancadas viraram uma “rampa” só, da última cadeira até a beira do campo. Mudou tudo. Praticamente, só restou a localização.

Para quem reclamava, a conversa era de que tudo seria para o bem do Maracanã. Remodelado, o estádio viraria uma “arena” rentável financeiramente, palco para partidas de futebol, shows e eventos, atrativo para os clubes do Rio e a iniciativa privada.

Menos de dois anos após a Copa ficou comprovado que tudo não passou de uma grande lorota. Foram “investidos” mais alguns milhões de reais para a Olimpíada do Rio e hoje, passados cinco meses, o estádio está completamente abandonado, apodrecendo sob o sol do verão carioca.

Do velho e legendário campo de Garrincha e Pelé, de Zico e Edmundo, da arquibancada “áspera e quente” de Jorge Ben, nada restou. Apenas uma vaga lembrança do “maior do mundo”, entulho, acusações de superfaturamento e o desprezo do poder público pelo local.

O Maracanã como um dia conhecemos, acabou. Quem foi, foi. Quem não foi, não vai nunca mais.

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