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Política, dominação e perspectivas
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LeviatãSerá verdade, será que não,

nada do que posso falar,

e tudo isso pra sua proteção,

nada do que posso falar

(Plebe Rude)

 

A política é o campo de ações humanas no qual os indivíduos e os grupos estabelecem relações de dominação entre si. A dominação pode se dar de maneiras mais sutis ou mais intensas, como ocorre no caso de guerra (interna ou externa; militar ou civil), no qual os inimigos opõem-se com o objetivo de destruição do outro.

A dominação política significa a hierarquização de preferências, gostos, ideologias e formas de vida de um grupo em relação ao outro, o qual, na condição de denominado, tem as opções de se resignar frente ao dominador, com ele se aliar, dele obter benefícios (pela bajulação), ou tentar suplantá-lo por meio da astúcia, das regras de um sistema jurídico ou da violência.

Isso significa que enquanto houver diferentes perspectivas sobre o que é uma vida boa, as pessoas estarão sujeitas à dominação política. Umas a sentirão mais que as outras, mas ninguém escapa das forças da política, exceto o ermitão que encontrar um lugar isolado do convívio social, que não seja reivindicado por ninguém.

Para que não reste dúvidas sobre os inevitáveis conflitos da vida, basta lembrar do quanto somos afetados por uma decisão do Governo de implantar um modelo de educação, de saúde, de desenvolvimento econômico, e, de como as pessoas divergem sobre o que é melhor para educação, para a saúde e para economia. Nesse contexto, deve-se lembrar que os recursos, oportunidades e direitos que envolvem estas escolhas, muitas vezes, são escassos, significando dizer que existem mais pessoas desejando tais bens do que bens suficientes para todos.

Como comentado no post anterior, estas questões de escolhas e distribuições de bens é que dividem liberais, igualitários, republicanos, utilitaristas, feministas, entre outros, todos eles tentando concretizar/institucionalizar (politicamente) sua forma de ver o mundo.

Logo, como é praticamente impossível retirar-se da vida social, calham as perguntas: Já que seremos dominados, de alguma maneira, como tornar este fardo menos arbitrário? Quais diferenças estamos dispostos a tolerar e quais pretendemos eliminar (inclusive com o uso da força)?

Noutros termos: aceitando que pretendemos continuar a conviver com um grupo de pessoas (seja por conveniência, comodismo, ignorância, desejo de fazer o bem para o próximo, etc.), quem decidirá a distribuição dos bens políticos, sociais e econômicos produzidos por este grupo?

Há pelos menos três formas de responder a esta pergunta: a) um ou alguns guardiões da confiança do grupo tomarão as decisões; b) todas as pessoas decidirão, por meio de escolhas coletivas que façam prevalecer a vontade da maioria; c) apenas as pessoas envolvidas no problema de distribuição é que dela tratarão.

Com a resposta a estas perguntas, tendemos a escolher um tipo de regime político, seja ele uma guardiania, uma democracia ou uma anarquia.

A outra pergunta pertinente sobre a política é: já que teremos que conviver com os demais, e que optamos por um processo de decisão de distribuição de bens que são escassos, como deve agir a autoridade encarregada de analisar, implantar e julgar estas escolhas difíceis?

As respostas a estas duas últimas perguntas serão desenvolvidas nas próximas semanas. Por enquanto, basta a percepção inicial da inevitabilidade da dominação política e o quão podemos estar vulneráveis ao seu jugo.

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