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Ada Lovelace, a primeira programadora da História
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Quem ainda afirma (não sei se isso é possível em pleno 2012) que uma mulher não é capaz de se destacar e fazer carreira nas ciências exatas e tecnológicas deveria dar uma boa busca no Google e procurar saber quem foi Ada de Lovelace, a mulher homenageada de hoje aqui no blog.

Hoje comemora-se o dia dela, o Ada Lovelace Day, um tributo a esta inglesa nascida Ada Augusta Byron, uma mulher culta e de personalidade, filha do grande poeta inglês Lord Byron, reconhecida como a primeira programadora do mundo – não a primeira mulher, apenas, mas também a pessoa responsável pelo primeiro programa de algoritmos computacional da história da Ciência.

Tudo começou quando ela, aos 17 anos, conheceu Charles Babbage, um matemático que estava a desenvolver uma máquina analítica de cálculo geral. Ada passou a se corresponder com Babbage e a estudar seu projeto, e em 1843, programou a linguagem que permitiu dar início à grande revolução dos computadores, da qual tanto nos beneficiamos hoje.

Em sua homenagem, em 1980 os EUA batizaram uma linguagem de programação com seu nome, e em 2009, a jornalista Suw Charman-Anderson criou o Ada Lovelace Day, uma homenagem e também um protesto pelo fato de que havia poucas mulheres se destacando na área – em conferências promovidas pelas empresas do ramo, ela percebia que não havia palestrantes mulheres, embora ela conhecesse várias.

Ada, que foi chamada por Babbage de a “encantadora de números”, faria 197 anos este ano. Após tanto tempo, ainda é difícil para as mulheres seguir seu caminho. De fato, ainda são poucas as mulheres na área.

O motivo nada tem a ver com incapacidade, e sim com a falta de estímulo: dos pais, por exemplo, que acham que as filhas só possuem vocação para áreas das humanas e saúde. Que pouco estimulam suas filhas nas tarefas de matemática, não se interessam por pagar cursos na área e insistem para que a filha desista de uma profissão “masculina”. Ou das empresas, como citou a jornalista Suw.

Também é de responsabilidade das universidades esta lacuna. Há poucos programas que tenham como política institucional incentivar as universitárias a pesquisar na área, e o preconceito ainda grassa neste espaço – quem não se lembra do ex-reitor de Harvard, Lawrence Summers, que afirmou, que havia diferenças inatas entre os sexos que impediam a mulher de se dar bem nas exatas?

O lado bom desta história é que Ada foi reconhecida, e provou há mais de 100 anos que o preconceito não possui base científica. É fruto da forma como somos ensinados – uma educação que precisa mudar. Vale lembrar que, ao contrário de Ada, outras mulheres cientistas nunca foram reconhecidas, e isso ajudou a disseminar a ideia de que não somos preparadas para os números.

Descobertas fundamentais foram realizadas pelas mulheres. A cientista Lisa Meitner foi a real autora de cálculos que permitiram a descoberta da fusão nuclear, mas o homem que ganhou o Nobel pelo feito em 1944 jamais a mencionou.

Fato semelhante ocorreu com Rosalin Franklin, autora da fotografia que permitiu revelar a estrutura da dupla hélice do DNA, e de Nettie Stevens, que descobriu em 1905 os cromossomos X e Y, que determinam o sexo das pessoas. Jamais foram citadas como suas co-autoras na época em que os feitos foram alardeados. Até mesmo a primeira mulher de Albert Einstein, Mileva Maric, somente agora começa a ser reconhecida por seu papel nas descobertas do marido. Isso, só para ficar em alguns exemplos.

Que este dia sirva de inspiração para as mulheres e também como um recado para empresas, universidades e demais pessoas de que abraçar a bandeira do determinismo biológico, além de um preconceito – e um verdadeiro crime –, presta um grande desserviço à sociedade ao desperdiçar talentos.

Para finalizar, acho que faz muito sentido um poema escrito pelo pai de Ada, Lord Byron:

“Aqueles que se recusam a serem chamados à razão, são intolerantes;
Aqueles que não conseguem, são tolos;
E aqueles que não se atrevem, são escravos”

Conheça mais sobre o projeto ‘Ada Lovelace Day’ (em inglês)

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